terça-feira, março 29

Não é tudo a mesma coisa...

Estava ontem ao telefone quando, a fazer zapping, tropeço num daqueles programas que discutem futebol. Discutiam o jogo do Sporting-Porto apaixonadamente ("era penalti", "não, não era"). Comentei que aquilo não fazia sentido, que contra factos não há argumentos, que vissem as cassetes em câmara lenta que já não tinham dúvidas, que deixassem de ser casmurros. O meu interlocutor, calmamente, responde: "é como a política". Fiquei uns momentos sem palavras (e todos nós sabemos como é difícil que tal aconteça).

É que, embora os senhores de ontem tivessem um discurso mais rasca e fatos mais manhosos, a forma como discutiam tinham o seu quê de debate político (sem as luzinhas dos 30 e 10 segundos). A mesma cegueira, o mesmo vazio. A mesma análise aleatória dos factos. A mesma recusa em ver as coisas como elas são. O constante recurso a linhas de pensamento demagógicas.

Acredito que para os meus colegas de blog eu esteja a constatar o óbvio (ou talvez não, a julgar pelos posts que o Miguel insiste em publicar sobre o FCP). O que me choca, a ser sincera, é que, para mim, o clubismo é uma questão de fé. De sentimento. É uma coisa irracional e como tal, dada a raciocínios ilógicos. Já a política deveria ser uma forma de pensar. De fazer uma análise do real, objectiva, que nos permita alcançar um bem-comum. Defender um partido, não é o mesmo que defender um clube de futebol. Sou do Sporting, para o bem e para o mal, para mim, será sempre o melhor dos clubes. Mas espero ter a presença de espírito para não me deixar levar por "clubismos" ideológicos e consiga sempre ser objectiva na análise dos factos políticos. Podem rir-se, mas acho que, pelo menos, vou tentar...

segunda-feira, março 28

Proponho:

Números Clausus de entrada nos Cursos de Carácter Geral no 10º ano.
Só quem der mostras, pelas notas que vai tendo até ao 9º, de ter vontade de trabalhar devia poder entrar nos cursos que dão acessos mais garantidos às Universidades. Aposto que os paizinhos (principalmente os das gerações do nossos irmãos mais velhos, para quem os tem) já vão conseguindo perceber a importância de manter os filhos em boas escolas, que lhes dêem boas hipóteses de futuro.
Lamento se as notas são a única maneira e reconheço perfeitamente que um médico de 16 seja bem mais humano e igualmente conhecedor que uma aberração de 18,5 valores... mas pelo menos 16 tem que ter.

O regresso ao sistema de Escolas Profissionais e a valorização do diploma de 12º Ano. Não é por nada que, em França, as Hautes Écoles Spécialisées são mais recomendadas que as Universidades. Não há nada de mal com uma visão mais hands on approach à educação e nem toda a gente tem que ter uma carreira académica. Isso não implica que tenha que haver muito mais gente com cursos de nível superior em Portugal.
Desengane-se quem pensa que temos um país de Doutores e Engenheiros... Estamos desgraçadamente em último da média europeia, incluindo os novos países do Centro e Leste. E quando digo desgraçadamente, digo ao nível de países como a Turquia, o Uruguai ou a Indonésia, com menos de metade da Holanda, da Finlândia ou da Irlanda.
Estes são os dados da OCDE para 2002 e para a população entre os 25 e os 34 (os formidáveis Filhos do 25 de Abril)... Agora não me venham com histórias de economia e de finanças que, depois de 10 anos de Cavaco Silvismo e 2 de Ferreira Leitismo, não tenha a mínima paciência para insultos à minha inteligência.

Carlos Miguel Maia

Isenção

Gosto quando o Maia é isento. Aposto que o post anterior não tinha nada a ver com a vida dele, com a sua experiência pessoal. Apesar de a tua larga experiência de vida o sugerir, não me parece que a culpa do "estado do país" seja dos estudantes, preguiçosos ou não. Dos pais dos estudantes, talvez. Do facto dos pais deles terem sido criados numa ditadura, talvez. Mas os estudantes não passam da ponta do iceberg.

Afinal quem são os bons? Aqueles que devem ser separados do joio? Os bons alunos? Aqueles que têm boas notas? Não me parece. Muitas vezes os melhores alunos são pessoas absolutamente insuportáveis (não, Miguel, não estou a falar de ti, mas ambos conhecemos exemplos de pessoas assim...). Serão então os mais inteligentes, aqueles a quem devem ser dadas as melhores oportunidades? Também não me parece. Os mais inteligentes, nem sempre são os mais trabalhadores ou os mais competentes. Ficamos reduzidos ao eterno critério de ambiguidade os "bons" versus os "maus", sem saber muito bem o que pôr num lugar ou noutro.

Acho que o problema é da vida em geral. Nem sempre é justa. Mas também sou sincera: nunca vi ninguém que dê o litro a não ir a lado nenhum. É verdade que há uns sortudos que volta e meia recebem umas borlas, mas não é nada que os outros, se quiserem mesmo, não consigam. O mal é estar sempre tudo à espera das borlas. E ficar revoltado quando elas não chegam. Este é que, para mim, é um dos males do país...

sábado, março 26

Ao ver Sócrates na Assembleia...

... tive a certeza que vamos ter um discurso e um debate político diferentes. Provavelmente melhor, mas de certeza diferente.
... fiquei desiludido com o comentário "o maior problema de Portugal é um problema económico". Bem sei que ele inclui a educação de qualidade na econonia como um facto de competitividade.

Mas acho que o problema do país é continuar a pactuar com estudantes perquiçosos e estúpidos, a puxar para trás os bons. É separar o trigo do joio, dar condições ao joio de ser plenamente hábil e qualificado e ao trigo dar condições para crescer independente, algo que tem tendência a fazer.

Miguel Maia

A Joana, a Joana...

Continuo a não acreditar na teoria da mula. Se quiseres um híbrido, Joaninha, procura um animal mitológico qualquer - uma variante de esfinge, talvez - porque a mula é demasiado feia e teimosa para poder sintetizar toda a palete (paletes, paletes...) de emoções com que os teus pequenos acessos de anarco-fascismo nos confundem.

Miguel Maia

quinta-feira, março 24

Curso de Verão

Para quem tem férias e não sabe o que fazer com elas... Aconselho.

quarta-feira, março 23

Correndo o risco de desiludir os fãs...

Sobre a lei do trabalho: quem é eficiente fica, quem não é rua! Quem rende fica, quem não rende rua! Descobri que sou economicamente maquiavélica: o mercado (do trabalho e não só) equilibra-se sózinho, este é um terreno que deve ser amoral. Só assim a economia se pode tornar competitiva e só assim poderá crescer. E só crescendo é que pode sustentar um Estado-previdência eficiente.

Enquanto não despedirem a gigantesca corja de acomodados trabalhadores públicos, não vamos a lado nenhum...

Ao ver Sócrates na Assembleia...

Lembrei-me que, normalmente, não confio em quem leva tudo demasiado a sério... (E sim, é verdade, neste campo, raramente me engano).

Wishful thinking

Com um record de 9 golos sofridos para 1 marcado desde que o Porto recebeu o Nacional no famigerado jogo dos 30 anos, é com alívio que vejo chegada esta pausa para a Selecção.
Mesmo assim, competitivo até à última, ainda me atrevo a tentar ver um resultado positivo da derrota em Alvalade.
É verdade que o benfiquismo descabelado, o mesmo que via o Benfica campeão a 8 jornadas do início, viu na vitória do Sporting uma razão para reclamar o campeonato a 8 jornadas do fim (o que até faz mais sentido, admito). Mas as minhas contas são diferentes. Nesta altura, o Sporting só precisa que o Benfica perca, por exemplo, no Bessa para só depender de si próprio para passar à frente do emblema da Luz... e até para que o Porto só dependa do Sporting para passar à frente dos dois, sem ter feito nada por isso, admito também.
O maior candidato ao título, nesta altura, pode até ser o Benfica, mas se o Sporting conseguir vencer no Bessa (tarefa tão difícil como a do Benfica), na jornada já a seguir, encontra depois duas ou três equipas fáceis e pode entrar numa onda de vitórias com bolas a passar entre mãos de guarda-redes, ou a bater em defesas antes de entrar. E, nessa altura, quem dirá que não pode chegar ao título?

Cada vez gosto mais do treinador do Porto. Parece que as dúvidas e críticas aceca do seu trabalho vão começando a surgir, mas eu gostei da maneira pragmática e inteligente com que ele percebeu o que é que a equipa não podia dar em Alvalade, uma coisa que o Trapattoni já vem fazendo desde o início com o Benfica. Acho que o Couceiro geriu muito bem os danos, conseguindo que o meu clube tenha uma vantagem importante no confronto directo com os outros dois grandes. Não, não é só uma questão de lhes fazer pirraça ou de termos um ponto ridículo de consolação. Trata-se de acautelar uma vantagem que é essencial num campeonato tão apertado e que, graças ao próprio Porto, dá dois lugares directos na Champions League e um terceiro na última pré-eliminatória.
Enquanto a coisa não vai dando para mais (e se o campeonato mudar de figura não vai ser por causa do Porto), o melhor é ir fazendo pela vida, que o mundo não acaba em Maio... mesmo se um Benfica de segunda, que nem a uns russos em pré-época consegue ganhar, chegar ao fim em primeiro.

Miguel Maia

domingo, março 20

Um País chamado USA

Não querendo tomar partidos nesta batalha bloguística entre o Maia e o Lameira (já bastou a do Freitas...), gostaria apenas de divagar um pouco sobre o assunto.

Aquando das eleições nos EUA, fartei-me de refilar (e todos sabemos em como sou expert nesse domínio...) a propósito de W ser candidato. Por isso, o meu choque aumentou ainda mais quando ele ganhou. Não entendia. Ao contrário do que muitos acreditam, não sou nem nunca fui, anti-americanista. Mais, tenho um certo respeito pela cultura cívica do país. Pelo seu sentido democrático. Claro que o americano médio é burro, como o português médio também o é (basta ver as declarações sobre a Fátima Felgueiras....), mas como nos EUA eles são 15 vezes mais, digamos que os broncos têm mais "visibilidade". O que me chocava era um deles chegar a Presidente.

Enfim, depois do mal feito (a reeleição do Bush Jr.), tenho tentado entender um pouco mais aquele povo - à semelhança do que fiz aquando do 11/9 e tentei entender o Mundo Islâmico. É que apesar de se falar muito do eixo Atlântico, do grande mundo Ocidental, etc., etc., há diferenças culturais imensas que nos separam dos sobrinhos do Tio Sam.

Há a questão religiosa. Parece irrelevante mas não é. Nós (europeus) temos uma cultura cristã. Individualistas, acreditando que perdoar é a maior das virtudes, etc., etc., etc. Ora, relembro que os Estados Unidos foram inicialmente povoados por dissidentes desta visão. Os chamados ultra-conservadores ou puritanos, que dão uma maior ênfase aos textos do Antigo Testamento. Para os mais desatentos, nestes textos defende-se a lógica do "olho por olho, dente por dente", a visão da religião como elemento definidor de um povo, "os eleitos de Deus". É também esta a visão dos Judeus - como sabem aquilo que separa católicos de judeus é o Novo Testamento. Não me parece difícil encontrar vestígios (estão quase a néon...) destas crenças nos discursos de George W. Bush.

Por outro lado, a geração que ocupa os cargos dominantes nos EUA, cresceu em plena Guerra Fria. O medo dos ataques atómicos era uma constante. Estes senhores que agora falam de Democracia à boca cheia, passaram a infância a aprender como construir um bunker em 5 minutos. Fazia parte dos programas educativos estes simulacros. É normal que aqueles que sejam menos informados (aquelas paletes infinitas de americanos médios) sintam de facto, que "somos nós contra o mundo", e que tenham ficado histéricos com o ataque às Torres Gémeas.

Enfim, dadas as circunstâncias, este é o Presidente que, neste momento, eles tinham de ter. Se calhar agora compreendo um pouco as atitudes que tomam. Não concordo com elas. Mas acima de tudo, e porque serei sempre uma eterna optimista, espero que para a próxima escolham um americano acima da média, para liderar uma nação que tem tanto de bom para dar ao Mundo.

sábado, março 19

Resposta tardia

Não consigo deixar de responder às palavras do Lameira acerca da América.
Não acho que a América do presidente Buh seja a guarda-avançada da liberdade, principalmente porque essa linguagem retrógrada da Guerra Fria deixou de fazer sentido em 1989. Se nessa altura o republicanismo ainda era pertinente, os anos Clinton foram a primeira página de uma história bem diferente, que conhece agora um interregno. Tenho saudades do tempo em que o diálogo inter-cultural, a etnicidade e a micigenação das sociedade eram vistas como passos óbvios de um tempo que já não precisava de ser como antigamente. Tenho saudades de não ter que ter medo do futuro, uma bandeira do Kerry, que foi usada contra ele por o ter feito parecer fraco ou pouco preocupado com o terrorismo, numa associação idiota de ideias, que só um imbecil ou um cretino não conseguem desmontar.
Esse irmão americano, da nova fronteira da internet, do e-learning e do e-business, em que é virtualmente possível saber tudo de tudo ao mesmo tempo, foi mandada às urtigas pelo presidente Bush. E, por isso, sou dos que acho que a Blue America devia pedir a Secessão e que o pior que já fez na sua história foi derrotar a red neck America na Guerra Civil.
Se quiserem, digam que eu sou um blue americanist... não estarão longe da verdade.

Miguel Maia

terça-feira, março 15

Intranacional

Os meus posts são sempre muito grandes.
Como passo a semana fora tenho sempre muito para dizer.
O palmier fica cheio de balela minha.
Vou "voltar" ao meu blog pessoal.
No palmier, vou limitar-me a participar nas discussões que cá têm havido.

Miguel Maia

segunda-feira, março 14

Cinismo II

Mas a minha semana desportiva não se ficou por aqui.
Domingo é dia de ir à bola, e para quem vive do outro lado da rua, coisa de uns 10 metros, do portão 5B da entrada no Estádio Cidade de Coimbra, é difícil resistir.
A Académica é a última equipa romântica do nosso futebol, com a excepção do Porto a jogar em casa, nos últimos 3 meses. Chega ao ponto de ainda contar, como aconteceu este fim-de-semana, com dois estudantes que saem do banco quando a equipa não está a conseguir marcar e as estrelas estão ou castigadas ou lesionadas. Aah, é preciso estar lá para perceber o espírito destes jogadores, um tal de Lira e outra chamado Sarmento, um no flanco esquerdo e outro no direito do ataque da Briosa, para perceber que o futebol romântico não pode ganhar, e que isso é tão injusto e ainda doi tanto hoje como nos tempos em que ia com o meu pai...
E, por acaso, eu até ia mesmo. Quando era puto e tinha uns 8 ou 9 anos era sócio do Belém, porque jogava nas escolinhas de futebol, treinado pelo velho Gil, o mítico lateral direito dos magriços que travava sempre sem falta o ímpeto do Rei Pelé na primeira parte do confronto de '66. Nessa altura e mesmo antes, ia sempre ver o Belenenses com o Porto, ao Restelo... e o Porto nunca ganhava. Ali, mesmo no meio daqueles ferrenhos velhos do Belenenses, os sorrisos amarelos que fazia sempre que o Belém marcava e a revolução de emoções que abafava quando o Porto lá conseguia responder, foram algumas das primeiras lições de como o recalcamento pode ser uma coisa saudável e inteligente.
Mas voltando à Briosa, que é, de facto, voltar a esses tempos de emoção genuína.
O jogo era com o Rio Ave e as equipas em confronto eram em tudo diferentes. De uma lado a Académica: uma equipa galvanizada por estar a recuperar na tabela, e já não perder havia 4 jogos, se bem que se tivesse deixado empatar estupidamente nos últimos dois, das duas vezes já nos descontos... exasperante para uma equipa que batalha para sair do último lugar do campeonato. Dominava aquele espírito do "ai... se aqueles 4 pontos não se tivessem perdido... já estávamos acima da linha de água... Desta vez, com os melhores jogadores do meio campo de fora, principalmente sem o Hugo Leal, foi um sempre irregular, complicado e lento Ricardo Fernandes que assumiu o comando da equipa com o enorme Paulo Adriano atrás.
O Rio Ave, para quem não anda a par, é o Rei dos Empates na SuperLiga deste ano. Seria a oportunidade para ver como funciona uma equipa assim, que conseguiu a tranquilidade na tabela empatando, de preferência a zero, em 13 dos 25 jogos que disputou.
É uma máquina de queimar tempo. Aos 43 segundos (segundos!) já tinha um jogador no chão a rebolar-se e a sua dupla de "avançados" não passa de dois jogadores que, para além de serem rápidos, pouco ou nada sabem fazer com uma bola. Para que servem, então, são os principais queimadores de tempo da equipa, se bem que toda a equipa seja uma máquina de enervar o adversário. A um holandês chamado Junas subtrai-se o brasileiro Saulo, com um físico à Liedson, que a cada falta contra pegava na bola do chão e a enviava um pouco mais para trás, argumentando com o árbitro que os academistas, de má-fé, tinham tentado jogar à bola sem perder tempo. O espectáculo Saulo só acabou quando o treinador o tirou do campo e o brasileiro se atirou para o chão, fingindo uma lesão, foi transportado à força por maca, sem assistência médica e, assim que os maqueiros abandoram as 4 linhas, se levantou e começou a caminhar como se nada fosse. Conseguiu, ainda assim, ganhar ainda os 15 segundos que o árbitro demorou a mostrar-lhe o cartão amarelo por insulto à inteligência.
Este Saulo é a face do cinismo do futebol que se está a marimbar para os 10 euros que eu gastei para ir àquele jogo e que teve o mérito insofismável de conseguir a tranquilidade na tabela a umas 10 jornadas do fim. Eu sou dos que pensa que este Saulo está a ocupar o lugar um outro qualquer jovem, que pode até ser brasileiro, ou português, ou holandês ou chinês, mas que é empenhado, talentoso e ambicioso e que, por isso, não tem lugar no Rio Ave.

Eu sou dos que pensa que o problema pode começar a ser resolvido se os jogos 0-0 começarem a contar 0 pontos para o campeonato e que uma equipa que não marca, não quer marcar e não deixa marcar é injustamente beneficiada se conseguir os seus objectivos.
As equipas pequenas podem jogar em contra-ataque, não há mal nenhum nisso, desde que seja com o objectivo de marcar 4 golos no Dragão (ou na Luz, da próxima, se pudesse ser).
Há muitos jogos bons que acabam com 0-0? Eu sei, mas estou convencido que há muitíssimos mais que são maus e que matam o romantismo deste jogo espectacular.

Miguel Maia

Cinismo

A minha semana futebolística foi marcante, e não podia deixar de falar dela.
Nas palavras de algum daqueles conhecedores de televisão, já tinha ouvido dizer ainda antes da semana começar que as vitórias das equipas como o Chelsea, do Milan (que já vencera o Barça na fase de grupos), do Bayern sobre o Arsenal e da Juve contra o Real Madrid são a demonstração de que o cinismo conquistou o futebol.
O sinal mais claro disso, como estamos tristemente recordados, foi a amarga vitória da selecção de Rehhagel no nosso Euro... E os melhores, os Mourinhos e os Ancelottis deste mundo, foram os primeiros a aperceberem-se dos sinais dos tempos. É isso que faz deles especiais: o facto de serem os primeiros a mudarem de estratégias - mesmo para as mais odiosas - quando isso lhes traz o sucesso; se bem que o italiano o faça com menos dificuldade porque o pragmatismo (palavra com que, por amor próprio, me refiro ao cinismo dos nossos irmãos transalpinos) já lhe estava no sangue.
Mas, voltando à minha semana, na sexta-feira o meu clube foi brindado com uma goleada de 4-0, em casa, pelo Nacional da Madeira. Não sei se, pessoalmente, merecia todas as piadinhas óbvias envolvendo o velho slogan dessa marca mítica de farinhas, mas é para isso que cá andamos, e quando não há má-vontade não temos senão de encaixar.
A verdade é que o Porto mereceu perder. Mereceu ser goleado. E não me vou refugiar nos 70% de posse de bola ou os 30 remates contra 4 (não sei se estas são as estatísticas, mas nem devem andar longe da verdade). O Porto perdeu, perdeu bem, e 4-0 é o resultado que merecia. O Porto jogou mal o jogo de futebol.
Se o jogo tivesse por objectivo reter a bola longe dos adversários, como um joguete de crianças, o Porto teria goleado... e o Benfica já teria sido campeão há muitos anos. Mas o objectivo é mais cínico do que isso. O objectivo é penetrar na área- até o Gabriel Alves já viu isto - ultrapassar os defesas, ficar em situação de remate com alta probabilidade de êxito e marcar... marcar aos nossos adversários, furar-lhes o esquema, frustrá-los, vencer... e o Porto foi muito mau neste jogo.

Miguel Maia

domingo, março 13

América, América

Não querendo perpetuar esta discussão com a Joana, gostava ainda de esclarecer uma coisa. De tudo o que escrevi, em nenhuma linha consigo entrever qualquer referência a um ajoelhar. Todavia, devo enfatizar algo de muito importante: A Europa (incluíndo Portugal) precisa dos Estados Unidos da América. Para que sobreviva fisicamente, para que sobrevivam os seus valores. A América é o garante da existência da civilização ocidental, é a sua guarda-avançada. Não se trata, pois, de nos subtermos ao mais forte, mas, sim, de não atraiçoarmos o nosso irmão. A Europa poderá servir como moderadora de alguns excessos da política internacional americana, nunca como opositora.

Posto isto, nada mais tenho a dizer. O assunto Freitas está arrumado.

João Lameira

sábado, março 12

Ella

Porque acho que estas discussões não levam a lado nenhum e prometendo não voltar a tocar no assunto, só queria dizer uma coisa ao Lameira. Entendo o que queres dizer quando afirmas que o Freitas do Amaral não devia ser Ministro dos Negócios Estrangeiros. Mas sobre essas posições de nos ajoelharmos à frente, não de quem é melhor, mas de quem é mais forte Ella escreveu:

"To sin by silence, when we should protest, makes cowards out of men."

Ella Wheeler Wilcox

E continuo a achar que era nosso dever protestar...

Agora, paz, que a vida corre-me demasiado bem, para me chatear via net...

quinta-feira, março 10

Meas Culpas

O Chealsea lá ganhou... mea culpa. Não ache que o Couceiro seja menos José... mas perdi e como perdi tenho que me vergar aos factos... pelo menos durante umas semanas, que é essa a beleza maior do futebol. Que o Chealsea jogue com o Milan e perca sem glória 1-0 no agregado das duas mãos. E que o Porto ganhe ao Inter, se possível.

O debate sobre o Dia das mulheres do grupo de jovens do Bloco de Esquerda era mesmo comunista... mea culpa. Esta é mesmo para eu não ser parvo.

Fui à Assembleia da República tentar ver o debate de apresentação do Programa do Governo... mea culpa.
Estava lá com uma hora de antecendência porque pensava que as galerias iam estar a abarrotar... quanta ingenuidade.
Fiquei lá à espera que o debate começasse, mesmo depois de me terem dito que tinha sido adiado das 15.00 para as 16.30. Quando começou, às 17.00, já tinha visto todas as combinações matematicamente possíveis de deputados a falar com deputados, à espera que as televisões dessem o ok para começar a X Legislatura da III República.
Depois de começar, foi lida a acta da reunião de Revisão dos Poderes em que a Maria de Belém Roseira leu, um a um, e por ordem de partido, tamanho de círculo eleitoral e ordem alfabética. Quando ela disse "137... Pedro Miguel Santana Lopes... Lisboa", ou "176... Paulo Sacadura Cabral Portas... Aveiro", o bruaaa lá me ia acordando.
Depois foram deixadas as condolências às famílias dos dois deputados que morreram entre a eleição e a constituição do parlamento, o que significava um discurso de 5 minutos vezes os 5 grupos com assento parlamentar, a que juntava o governo, mais ou menos uma hora no total, ao que se seguiu a enumeração dos seus substitutos por partido, tamanho de círculo eleitoral e ordem alfabética.
Finalmente o debate podia começar.
O pior foi que, por essa altura, mea culpa, tive que me vir embora... afinal de contas, ao contrário daquelas 230 pessoas ali reunidas, sou uma pessoa ocupada.

Miguel Maia

quarta-feira, março 9

Diário de um coimbrão

Antes de me lançar na discussão do "Sr. que parece um sapo velho" (a descrição é da minha consorte italiana), quero deixar aqui as reflexões do meu Dia da(s) Mulher(es) coimbrão.
Parece que o que está na moda é negar as coisas de que vimos rotulados e, como tal, não fujo ao meu esclarecimentozinho: Eu não sou bloquista, nunca fui, nunca hei-de ser...
Por engano ou ingenuidade, mais do que por qualquer outra coisa, decidi acabar um dia que vinha sendo marcado por uma discussão acerca do papel do cavalheirismo (a que quero voltar mais tarde) na nossa sociedade, com um debate pública sobre a pertinência do feminismo na mesma sociedade de que estava a falar antes. Pareceu-me um bom contraponto e uma maneira de reforçar as minhas posições irredutíveis face à plena igualdade entre os sexos.
O que me devia ter chamado a atenção, e aí entra a parte da ingenuidade, era a minúscula menção aos organizadores do debate: um tal grupo de Jovens do Bloco de Esquerda. Pensei que seria um bom debate, vindo de um espectro político que granjeou a reputação de aberto às mudanças e às novas correntes de pensamento... Desenganem-se!
Aquele arrazoado (e detesto tem que usar a expressão com que o Bagão Félix uma vez falou do Francisco Louçã) de justificações para o Dia das Mulheres começou logo nas velhas lutas de sindicalistas sufragistas que culminaram no movimento das que despoletaram uma revolução em 23 de Fevereiro na Rússia czarista, que dá... 8 de Março no nosso calendário gregoriano. Essa parte até podia ser interessante, se não fosse tão unidimensional como a arquitectura de um pensamento comunista, seja ele histórico, sociológico, económico ou qualquer outro...
Seguiu-se um rol de lamúrias sindicalistas (é preciso ter assistido a uma para a imunização ser efectiva), uma descrição na primeira pessoa da situação da muler brasilera emigrada em Portugal e, para concluir, uma resenha da situação actual da mulher jovem em Portugal e no mundo, da boca de uma bloqueira daquelas giras, acabadinha de sair do curso de Direito e que via a lei do aborto como um episódio ridículo e obscurantista do nosso planeamento de saúde sexual e reprodutiva (de morder os lábios de prazer).
Mesmo assim fui ficando, resistindo estoicamente até que o moderador decidiu rematar com um lapidar: "Conclui-se das prestações das nossas camaradas que a mulher é explorada pelo sistema capitalista." (ponto final, mesmo) Foi nessa altura que comecei a correr, a correr o mais rápido que podia e sem olhar para trás, parando apenas à vista do Bar Inglês, à Praça da República, quando até dei lugar para a minha companheira de viagem passar, muito cavalheiriscamente.

Miguel Maia

À Joana

Aqui vai a minha aguardada (ou não) resposta à Joana:

A Joana chama-me desportista, coisa que tenho a honra de não ser, nunca fui muito atlético e não era agora que ia começar, para mais nas teclas de um computador. Ainda por cima, tenho a infeliz tendência de perder qualquer disputa em que me meta. Vamos a esta.

O doutor Freitas do Amaral (prefiro assim) é comparável ao comentador Luis Delgado. Porquê? Ambos defenderam acerrimamente a eleição de Durão Barroso como se fosse a única hipótese de salvação nacional. Ambos se enganaram. Nunca ouvi Freitas (talvez prefira assim, afinal) retratar-se deste apoio. Luis Delgado, um homem que tem dificuldade em apresentar argumentos razoáveis e vive num mundo de fantasia, ao menos é coerente, não mudou de lado, nem descobriu que afinal o PS é que era bom. Freitas viu a luz, a solução - a maioria absoluta do PS. Há três anos já havia visto a luz, só que era outra. O que fazer a este homem iluminado? A este homem que sabe sempre estar ao lado dos futuros vencedores? A este homem que quer ser amado a tudo custo e que, para tal, anda em bolandas de revelação em revelação, acompanhando o ar dos tempos? Venerá-lo? Não me parece. A única diferença entre Delgado e Freitas é que o último tem boa imagem.

Em termos de política internacional, quando pus as ideias de Freitas a assemelharem-se às do Bloco, não me referia à Europa, como tu bem sabes, mas sim à América e ao assunto Iraque. E isto é fatal para quem será o nosso ministro dos Negócios Estrangeiros. A América é administrada por George W. Bush, eleito democraticamente, e não pode ser dissociada do texano. Colocar-se contra a administração republicana pode não ser anti-americanismo (é quase sempre, mas adiante), contudo é contra-producente para um MNE português. Freitas falou em conferências onde partilhou os pensamentos de figuras como Francisco Louçã ou Mário Soares (este é melhor nem comentar para não ferir mais susceptiblidades). Como é que fica a posição de Portugal face aos Estados Unidos, pergunto-me. Só não acontecerá nada, porque os americanos não nos ligam pevide, mas não é um passo inteligente de Sócrates nomear Freitas. E, reafirmo, havia melhores opções, pessoas moderadas, que tenham participado ultimamente na diplomacia (o que não é o caso de Freitas), pessoas que até podem não gostar de Bush, mas que não se antagonizaram com ele explicitamente. Portugal, toda a Europa, precisa da América, por muito que isso doa.

Demagogia não é amálgama ideológica, é exactamente o contrário, ideias feitas, recicladas, unas, vagas, sem conteúdo real para consumidor (eleitor) ver. Só da discussão, dentro e fora dos partidos, na sociedade, se pode ir chegando a algumas decisões importantes do que deve ser feito. Não é a partir de ideias pré-fabricadas. Tirando alguns valores intocáveis, tudo o resto é discutível, apresentável, e estamos cá nós para mandar os nossos bitaites sobre isso. Posto isto, não sei o que queres dizer com clarificação, transparência, informação. Estou a favor disso tudo, mas não sei o que é que tem a ver com esta história. O que parece que tu tens vontade é que te apareça um salvador, tipo Salazar ou, numa versão mais soft, Cavaco, com ideias sólidas e coerentes, que venha por ordem nisto. E acabe com a incoerência dos partidos. Já agora acabe com os partidos, que não têm uma voz única e são tão confusos.

É claro que não houve uma viragem à esquerda, eu nunca disse isso, neste país, felizmente, cerca de 60% dos eleitores são do centro e nada mudou.

João Lameira

terça-feira, março 8

Defesas

Guardo a minha resposta à Joana para amanhã, que hoje não estou com paciência para tanta demagogia. O Bruno Fraga Braz é um obstinado, teima (não sei porquê) que pertenço a duas das organizações que mais desprezo: o Partido Comunista e o Sindicato de Jornalistas. Organizações, essas, tristemente tão ligadas. Ao Maia, espero que a vitória do Chelsea o tire da ilusão que o FC do Porto ainda é a equipa do ano passado e que o Couceiro é José suficiente para o Mourinho. Nem o Barcelona de Deco e Ronaldinho chega para ele. A todos, os meus melhores cumprimentos.

João Lameira

Direito de Resposta

O João Lameira gosta de me provocar. Às vezes acredito que isso é para ele um qualquer desporto. Claro que como todos os bons desportistas volta e meia falha redondamente nos seus argumentos. Para começar, perde logo a razão quando compara o Professor Doutor Freitas do Amaral (já que estamos numa de sermos formais, sejamo-lo correctamente) ao Luís Delgado, sobretudo no respeitante à honestidade intelectual.

De seguida, o João Lameira comete o erro que me surpreende. Choca-me. Também ele confunde as posições anti-Bush com anti-americanismo. Esperava uma leitura diferente dos acontecimentos da tua parte. Mais. Confunde este anti-americanismo com uma sobreposição das ideias de Freitas às do Bloco (ou do Louçã). Para os mais desatentos, o Professor Doutor Freitas do Amaral é um defensor do fenómeno da integração Europeia, e só isso faz toda a diferença.

Quanto aos meus pontos de vista sobre a pseudo-evolução do pensamento de Freitas do Amaral, mantenho a minha palavra. Liberal, ele sempre foi. Sempre defendeu a intervenção do Estado na aplicação de políticas sociais. E não, não defendo ideais políticos imutáveis e insensíveis ao avançar dos tempos. Só peço que se chamem as coisas pelos nomes, que se assumam essas mesmas evoluções. Que não se fale de uma "viragem à esquerda" quando tudo continua no centro.

E, para mim, João Lameira, a "amálgama de tanta coisa, que torna difícil discernir um rumo certo, um caminho único", não é nem nunca será sinónimo de Democracia. É que não há Democracia sem transparência, sem informação, sem explicar às pessoas onde estão a votar. A "amálgama" ideológica tem outro nome, que rima com Democracia, demagogia.

Por fim, quase em geito de post-scriptum, gostava de pedir a todos os que me acham comuna ou bloquista : leiam isto. E não me julguem, nem apaixonada, nem alguém com ideais imutáveis...

segunda-feira, março 7

Devolução

Eu acho que o doutor Freitas do Amaral devia ser devolvido à proveniência, provavelmete o mesmo sítio de onde vem o afamado comentador Luis Delgado. Ambos demonstram o mesmo tipo de honestidade intelectual. Não cabe na cabeça de ninguém (bem, na de Sócrates cabe) fazê-lo ministro de um governo PS. Não só pela dita «evolução» (propositadamente entre aspas), como pelas opiniões que tem sobre política internacional, que se assemelham perigosamente às do Bloco de Esquerda: anti-americanismo primário, total falta de percepção da situação actual. O PS tem, em Jaime Gama por exemplo, pessoas com muito mais bom-senso e preparação para trabalhar nesta área. Trata-se apenas de uma operação cosmética, tentativa de veicular uma abertura, um alargar de horizontes que, no fundo, são nada. Nos últimos tempos, a sapiência do doutor Freitas do Amaral em assuntos do mundo tem sido exercida em conferências de frequência duvidosa e, infelizmente, resume-se a isso. Mais que o vira-casaquismo notório, o que me agasta no doutor Freitas do Amaral é a sua falta de qualidade. Havia bem melhor por onde escolher.

A Joana, depois de generosamente desculpar a «evolução» do doutor Freitas, desanca na verdadeira evolução que acontece nos seio dos partidos, que são (e isso não é mau) amálgama de tanta coisa, que se torna difícil discernir um rumo certo, um caminho único. A isso chama-se liberdade, democracia, mas a Joana não quer saber. Quer é regressar ao extinto Verão Quente que não viveu, agitar bandeiras, gritar palavras de ordem, ter ideais imutáveis. Contudo, Portugal precisa tão pouco disso que se torna ridículo a uma pessoa inteligente sonhá-lo.

João Lameira

O Génio

Estamos sempre a dizer mal do nosso país. Tudo é mau, as pessoas são medíocres. Mas, de há uns tempos para cá, a SIC e o DN, resolveram mostrar-nos como Portugal é (ainda) um país de bons pensadores. E contrataram o Luís Delgado.

Eis alguém com uma linha de pensamento sempre coerente. Sempre imparcial. Alguém capaz de ver mais longe. Luís Delgado escreveu largos elogios a Durão Barroso e depois disse que ele tinha sido um mau primeiro-ministro. Delgado quando resolve citar opinion-makers traz opiniões de todas as cores. O Luís continua a acreditar que os jornalistas foram mesmo maus (e injustamente!!!) para o seu grande amigo (!) Santana Lopes.

Só Luís Delgado é capaz de ver que Sócrates goza "do beneplácito de uma cultura mediática de esquerda, e por isso nunca se compararam os estados de graça de Governos socialistas e sociais-democratas". Porque o estado de graça do Durão Barroso foi manifestamente inferior aos 15 dias que já lá vão desde as eleições de dia 20.

Enfim, o Luís diz e o DN publica, e a SIC dá-lhe tempo de antena que se farta, para que nós acreditemos que, apesar da crise e do desemprego, os bons têm sempre lugar. A todos eles o meu obrigada.

sábado, março 5

Evolução...

quem diga que o senhor evoluiu, como quem lhe chama vira-casacas. Acho que pelo contrário: é dos poucos políticos que se mantém fiel às causas em que acredita. Num dos polémicos artigos que escreveu na Visão, Freitas do Amaral definiu-se politicamente: Liberal no que respeita à economia e, porque Católico, defensor de políticas sociais. Estes foram em tempos os bastiões do CDS que este senhor fundou. Aliás, este pensamento tem mais a ver com o que deveria ser o CDS-PP, do que aquilo que o PS deveria ser, se honrasse o seu nome...

Assim, parece-me coerente ver Freitas do Amaral como Ministro neste Governo (e ainda bem que ele lá está... Pelo menos não há mais cimeiras nas Lages...), que não é, nem de esquerda e muito menos Socialista...

O que se passa, parece-me claro, é que os partidos se encontram muito longe dos ideais que os fundaram (excepto o PC, que há-de morrer por isso, e o BE, que ainda é "novo" e mal definido...). O que até me parece correcto, visto que os tempos são outros. O que não pode haver, é esta falta de linhas, de ideais sólidos (ninguém me convence que os ideais de Ferro Rodrigues são os mesmos de Sócrates). Aquilo que alguns chamam de pluralismo não pode ser confundido com incoerência (que é o que de facto existe).

Enquanto os partidos não voltarem a fazer dos ideais as suas bandeiras, vamos continuar a ter este "culto do líder", a viver neste vazio de ideias e de soluções. E a crise dura e dura...

Joana (proponho q mudem os usernames, para deixarmos d usar estas "assinaturas", boa?)

sexta-feira, março 4

Contra-contra-reforma

Falando de pedritas...


George de La Tour
Madalena Arrependida
(National Gallery of Art, Washington, 1635) Posted by Hello

Salvar a honra do convento

Parece que o nosso Arouca continua siderado com a viagem ao Brasil, provavelmente com a sorte que teve em não ter sido assaltado... Enquanto o pequeno ditador permanecer abatido na sua má forma, uma espécie de Napoleão resignado a Sta. Helena, tenho que ser eu a reagir e a arregimentar alguns argumentos contra a ofensiva que a Joana está a fazer contra a Igreja, qual Saladino a pilhar Jerusalém (ou esses eram os cruzados?), qual herege merecedora de uma bela purificaçãozinha pelo fogo.

Mas vamos com calma. Antes da contra-reforma que hei-de operar neste blog, limito-me por ora a invocar o meu passado pecador de crítico da Igreja, embora saiba de palavra que as posições que defendi e subscrevo completamente são as da corrente mais sensata e sensível da Igreja e não contra ela.

Miguel Maia

quinta-feira, março 3

Diário de um coimbrão

Esta semana parece que houve mais um funeral consternado na Sé Nova de Coimbra; diz que eram uns bravos soldados da paz, tombados em serviço.
Mas, para além do empate consentido pela Académica quando estava em ampla vantagem ou do vento por vezes cortante e enregelado, não me apercebi de nada que tivesse deixado a cidade mais triste.
A verdade é que mal pude sair de casa. A minha querida Viviana esteve achacada de uma má digestão e tive que aliar aos meus dotes de fada (ou fado) do lar, aos de enfermeiro.

Miguel Maia

quarta-feira, março 2

Mais Pérolas Católicas...

"Um sacerdote católico publicou esta quarta-feira um anúncio participando «aos interessados» a sua recusa em dar a comunhão aos católicos que usam meios contraceptivos, recorrem à reprodução assistida ou aceitam a actual lei em vigor sobre o aborto."

Só me pergunto como é que ele vai saber? Tipo, as pessoas não escrevem estas coisas na testa... Ainda para mais aqueles que vão à Missa, normalmente são mestres em esconder estes pecadilhos. Mesmo que o revelem em confissão, o Padre vai fazer o quê? Dizer, "não, tu não comungas, oh pecador!!!", não é contra o segredo da confissão???

Manifesto de Uma Parva

É verdade. Sou parva. Segundo a Maria Filomena Mónica, todas as portuguesas o são. O que a mim me chateia ( e desculpem se este assunto a vocês não vos diz nada, mas como única miúda no blog tinha de falar) é que hoje, em pleno século XXI, querer dedicar a vida à família seja "pecado".

"Algumas raparigas ainda parecem pensar que a sua única função no Universo consiste em desempenhar os papéis de esposas devotadas, seres paranoicamente ocupados com a limpeza do pó e mães tão excelsas quanto a Virgem Maria." O que a mim me choca, sinceramente, é que as mulheres de hoje não possam optar. São discursos como este (mas não só) que contribuem para que as mulheres tentem dividir-se entre "arrumar a casa, a cozinhar pratos requintados e a vigiar a despensa (...); ser boas na cama, profissionais competentes e estrelas nos salões".

Porque a sociedade só reconhece como bem sucedida a mulher que tenha carreira e seja Mãe. Porque não são só as que optam pela carreira que ouvem que a sua vida é vazia por não terem filhos, também aquelas que optam por serem mães a tempo inteiro são recriminadas.

Ainda não sou mãe, nem avó. Mas tenho no sangue os genes de quem um dia abdicou de uma carreira para ser mãe e mulher. Dedicou a sua vida a pôr um bocadinho de felicidade na vida dos que a rodearam. E foi feliz com isso. Bem mais do que a Maria Filomena Mónica e os seus discursos rezingões...

terça-feira, março 1

Ainda na mesma notícia...

Génios

Cinco votos a favor e quatro contra
EUA: Supremo considera inconstitucional pena de morte para menores de 18 anos
Um acórdão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, aprovado hoje com cinco votos a favor e quatro contra, determina que a aplicação da pena de morte a pessoas que cometeram crimes antes dos 18 anos de idade é inconstitucional.

Mau Perder

Estamos todos muito diplomáticos, muito sim senhora, faça favor, ora essa... Estou só a avisar que se estou bem disposta (em termos desportivos) é porque o Sporting ganhou. Se não estava de trombas. Não torci nem pelo Benfica, nem pelo Porto. Se as regras do futebol o permitissem, queria que tivessem perdido os dois. E como vi o jogo em casa do meu Primo, gostei do sofrimento, do acreditar até ao fim que podiam ganhar...

Concordo com o senhor Lameira quando este diz que a situação do futebol é comparável à política. Está a nivelar por baixo. Mas tanto num caso como no outro, continuo a sofrer neste jogo de nervos que domina quem não sabe perder.... E muito menos ganhar...

Vitória moral

Eu vi o jogo sentado confortavelmente em casa com o meu pai que é sportinguista. Partilhámos o desejo da vitória benfiquista. Aquando daquele centro atrasado do Miguel para o Nuno Gomes, senti que esteve por pouco. Mas, a abono da verdade, ninguém mereceu vencer. Nem Porto, nem Benfica. Talvez possamos fazer uma analogia tosca para a situação política portuguesa, que se assemelha ao campeonato português deste ano, ninguém, de facto, parece ter equipa, vontade, alma para ganhar.

Para o Maia: É preciso não esquecer que não é Mourinho quem quer, e o Couceiro, por muito que se arme ao pingarelho, tem o Porto a anos-luz do que já foi. Quanto ao futuro, calemo-nos na nossa ignorância, nunca se sabe o que nos espera. Que os portugueses novos não sejam como os líderes dos SuperDragões, é esta a minha prece.

João Lameira

O bar onde estive ontem...

O bar onde estive ontem a ver o jogo estava 50/50 entre benfiquistas e portistas.

O bar onde estive ontem tinha um benfiquista que odiava os jogadores do Porto e ficava mais feliz quando eles se enganavam do que quando os do Benfica faziam alguma coisa de bom.

O bar onde estive ontem tinha adeptos do Benfica que, assim que se aperceberam que a bola do Nuno Assis tinha ido ao poste e não dentro, e só então, levaram as mãos à cbeça e gritaram como tinha sido por tão pouco.

O bar onde estive ontem todos os benfiquistas gozaram com o Baía e a defesa do Porto no golo do Giovanni.

O bar onde estive ontem estava cheio de benfiquistas que falavam de uma vitória moral e de até poderem ter chegado à vitória.

O bar onde estive ontem estava cheio de portistas tristes por não terem ganho, típico de quem não gosta de empatar e sabe que, mais cedo ou mais tarde, mesmo que não seja este ano, o Porto vai ganhar qualquer coisa, porque no Porto pensa-se a longo prazo e trabalha-se bem.

Acho que o bar onde estive ontem, assim como o resto do país, precisa de mais portistas de Lisboa como os da minha geração, que gostam do Porto mesmo quando não ganha e que não admitem incompetências nem se contentam com vitórias morais.
Se é verdade que precisamos de portugueses novos, talvez o trabalho do FC Porto, mutatis mutandis, não seja mau exemplo.

Miguel Maia