segunda-feira, dezembro 12

Again the sixties again

Estava a ver uma revista de moda italiano, relationship hazard, e apercebi-me que começam a aparecer as primeiríssimas tendências de revivalismo dos inícios dos anos 90'.
Se bem me lembro, os inícios dos anos 90' foram uma das primeiras alturas em que a moda dos revivalismos atacou em força porque foi a primeira vez que uma geração criada já dentro de uma cultura pop e de consumo, a dos sixties, alcançou um patamar económico que viabilizava esse sentimento do quem-era-jovem-quando-os-Beatles-estavam-na-moda-continua-jovem-para-nós-...-comprem.

Aliás, continuo a achar completamente idiota qualquer argumento avulso que termine com -...-comprem, sem que antes houvesse uma relação causal directa. Mas nunca ninguém acusou os públicos e as audiências de serem muito inteligentes, pois não?

Eniuai, o que vim a descobrir é que estamos a entrar numa dimensão completamente nova: a do revivalismo do revivalismo: um tributo àquela altura em que estávamos a crescer e em que os oldies estavam outra vez bué na moda, e os Beatles e depois os hippies, e a Janis, e os Doors e tudo e tudo e tudo...

Bem sei que o Renascimento foi uma redescoberta dos Clássicos e que houve uma tendência Neo-renascentista na arquitectura sacra alguns séculos mais tarde... que foi uma redescoberta dessa redescoberta.
E que o Romantismo voltou a uma série de valores barrocos que se fundavam numa certa desregulação hiperbólica e mística da perfeição dos clássicos que teve origem na Idade Média.
E que a catedral de Colónia só é exemplar mais fiel do estilo gótico puro porque foi concluída no séc. XIX em obediência estrita às regras medievais e que falar de uma filologia medieval não deixa de ser um contrasenso em si mesmo.
E que o Dabbia transformou a sua presidência numa espécie revivalismo da mesquinhez do Bush pai e da idiotice do Reagan,
ao mesmo tempo...

e que isto anda sempre para a frente e para trás e para a frente e para trás...
Bem sei que não é nada de novo à Humanidade.

Mas como é que a cultura de consumo rápido vai fazer um tributo a um tributo que já tinha feito? Será de consumo exponencialmente mais rápido, como com o resto?

Carlos Miguel Maia

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