sexta-feira, fevereiro 17

Relativizar

Chateia-me que se tome a ciência como uma coisa definitiva e objectiva. Não que seja expert na matéria, nada que se pareça, mas se há coisa que o Bill Bryson me ensinou é que nada deve ser tido como certo. Da mesma forma, fui ensinada (sobretudo pelo meu Pai) a questionar a História, a recolher informação variada e, acima de tudo, a não aceitar qualquer tipo de dogmas. Fui ensinada, para mal dos meus pecados e daqueles que comigo vão tendo o azar de conviver, a pensar pela minha cabeça - com todos os males que tal vil liberdade acarreta.

Por isso fico chateada, quando, sempre que se questiona o que quer que seja, apareçam vozes a clamar desordem e anarquia de pensamento e a insistir que há assuntos que só são questionados por birra e/ou pirraça. Para mim (e assumo a minha ignorância) não é claro que o Gulag foi a consequência lógica do regime comunista. Não que seja contra a ideia, mas porque me parece que o Gulag se prende mais com a especificidade do regime comunista russo do que com o Comunismo per se.

Da mesma forma que o avançar da ciência permitiu encontrar excepções às mais universais regras da aritmética (ao nível das partículas, tudo pode acontecer), a história vai sendo revista e rescrita. E isso é positivo.

Ah, e eu não sei com que pessoal comuna o Henrique se dá, mas conheço pessoalmente pessoas de quem gosto, admiro e respeito que negam, por exemplo, a prática de tortura por agentes da PIDE (dizem sempre "não era bem assim"). Parece-me que não são só os comunas que têm uma má relação com a história. Parece-me é que o relativismo tão revelador dos partidarismos ideológicos como os dogmas.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial