terça-feira, maio 31

Nim

Já que estão numa de elevar o nível cultural do blog, vou tentar juntar-me ao debate. Ora antes de mais deixem-me dar-vos o meu acordo no que respeita ao défice de identidade europeia. De facto, continuamos a ser portugueses, franceses, holandeses, and so on... Logo, quando chega a altura de manifestarmos publicamente a nossa vontade, quando somos chamados a participar através do voto, fazêmo-lo enquanto portugueses, franceses, holandeses and so on... Assim, no passado Domingo, os franceses não fizeram mais do que o esperado: foram franceses. Pensaram neles e nos seus problemas internos, e votaram contra o seu presidente e o seu governo. Não contra a Europa, porque para se votar na constituição (ou ser contra ela), há que ser, antes de mais, europeu.

E de quem é a culpa? Dos mesmos senhores que o Miguel ali em baixo tanto elogia (Guterres, Vitorino e homólogos, de outras nacionalidades - menos o Jacques Delors, porque gosto muito do senhor e acho que está à parte do resto...). Porque deixaram que durante 50 anos de Europa esta fosse uma coisa "de Bruxelas", entregue a teóricos e burocratas. Porque deixaram que a CEE (e agora a UE), não fosse mais do que um primo rico distante, de quem só nos lembramos quando estamos sem dinheiro, ou quando percebemos que, para fora, temos mais valor unidos que isolados.

Não sou totalmente contra a constituição europeia. Sou Nim. Por um lado acho que clarifica e ajuda ao desenvolvimento burocrático da instituição, haver apenas um documento de directrizes legislativas. Mas por outro lado, acho que estão a dar um passo maior que as pernas. Explico: sim à constituição, à carta dos direitos (confesso: tenho uma mini carta dos direitos que me foi oferecida, em Bruxelas, pelo senhor com cara de couve-flor que agora é presidente do CDS - Ribeiro e Castro), à criação de uma base política comum. Não (para já) ao novo sistema de votos e ao Senhor PESC (bem, à PESC toda...). E este não, é um não temporário - sim, eu sei, é por pessoas como eu que depois os referendos se repetem over and over again até passarem.

Mas acho que primeiro e, sourtout, mais importante, a UE deve trabalhar o conceito de cidadania europeia. Só um cidadão deve ter o direito ao voto.

2 Comentários:

Blogger João Lameira disse...

Não esqueçamos a responsabilidade das pessoas de todos os países da União europeia de se tornarem elas mesmas, e por conta própria, cidadãs europeias. O problema é que nunca vemos que nos cabe a nós fazermos por isso.

5/31/2005 5:30 da tarde  
Blogger MiM disse...

epá, eu cá perdi o livrinho do senhor. Como é que podia saber na altura que ele ia ser importante... quer o livrinho quer o senhor.

5/31/2005 8:28 da tarde  

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