Um Post a Sério
Ok. Não me posso ficar pela antipatia pessoal que nutro pelo senhor. Nem pelas razões superficiais. Pela "espuma". Se há coisa que não é mentira é eu não ter opiniões políticas...
O ser que eu, de forma tão veemente abomino, foi nosso primeiro ministro durante dez anos. Sim, foram anos de grande crescimento. Sim, forma anos de grande optimismo. Sim, foram os anos em que recebiamos quantias pecaminosas dos fundos de Bruxelas. Mais do que qualquer outro, Cavaco teve os instrumentos para fazer de Portugal um país à escala europeia. Ficou-se pelo óbvio, por aquilo que qualquer homem de direita faria - abriu a nossa economia. Sim, foi, de facto positivo. Mas foi só isso.
Cavaco teve a oportunidade de reformar a administração pública. Não o fez. Teve a oportunidade de incentivar o desenvolvimento das pequenas e médias empresas. Não o fez (aliou-se aos grandes grupos económicos). Ninguém como ele teve poder e influência para reformar os sistemas fiscais. Não o fez.
Mas, e desculpem se resvalo novamente para uma perspectiva demasiado subjectiva, aquilo que mais me desgosta nos governos de Cavaco é a forma como tratou a Educação. Nunca como no seu reinado surgiram Universidades mediocres (não, nem eram de amigos dele, calúnias...). Todos os anos os curriculos mudavam abruptamente e cada vez se ensinava menos. Acabou-se com a PGA, e instauraram-se uma série de regimes que mudavam quase todos os anos e que levaram a que, hoje, seja possível entrar para a faculdade, literalmente, sem saber ler nem escrever.
Cavaco é um economista. Mas é um homem limitado a essa área. Não tem o sentido de Estado, a grandeza intelectual para perceber que não é só de dinheiro que se constroi uma nação. Acredito piamente que uma das razões (a principal, até) da nossa crise, é esta mentalidade tão pequena que mostramos. Não sabemos trabalhar, mas não queremos aprender. Somos um país de esquemas, de trapaças. E Cavaco é um símbolo disso mesmo.
Não acredito que Cavaco Silva seja capaz de "puxar pela autoestima, dar um exemplo de exigência e rigor, aconselhar e, acima de tudo, assegurar os portugueses que não alinhará com eleitoralismos, com interesses partidários ou outros". Quando esteve lá, quando ocupou o lugar onde podia provar o contrário, Cavaco foi capaz de tudo menos disto.
Por isso, entre um e outro, prefiro o Mario Soares. Não por achar que ele é óptimo, mas porque é um mal menor...
O ser que eu, de forma tão veemente abomino, foi nosso primeiro ministro durante dez anos. Sim, foram anos de grande crescimento. Sim, forma anos de grande optimismo. Sim, foram os anos em que recebiamos quantias pecaminosas dos fundos de Bruxelas. Mais do que qualquer outro, Cavaco teve os instrumentos para fazer de Portugal um país à escala europeia. Ficou-se pelo óbvio, por aquilo que qualquer homem de direita faria - abriu a nossa economia. Sim, foi, de facto positivo. Mas foi só isso.
Cavaco teve a oportunidade de reformar a administração pública. Não o fez. Teve a oportunidade de incentivar o desenvolvimento das pequenas e médias empresas. Não o fez (aliou-se aos grandes grupos económicos). Ninguém como ele teve poder e influência para reformar os sistemas fiscais. Não o fez.
Mas, e desculpem se resvalo novamente para uma perspectiva demasiado subjectiva, aquilo que mais me desgosta nos governos de Cavaco é a forma como tratou a Educação. Nunca como no seu reinado surgiram Universidades mediocres (não, nem eram de amigos dele, calúnias...). Todos os anos os curriculos mudavam abruptamente e cada vez se ensinava menos. Acabou-se com a PGA, e instauraram-se uma série de regimes que mudavam quase todos os anos e que levaram a que, hoje, seja possível entrar para a faculdade, literalmente, sem saber ler nem escrever.
Cavaco é um economista. Mas é um homem limitado a essa área. Não tem o sentido de Estado, a grandeza intelectual para perceber que não é só de dinheiro que se constroi uma nação. Acredito piamente que uma das razões (a principal, até) da nossa crise, é esta mentalidade tão pequena que mostramos. Não sabemos trabalhar, mas não queremos aprender. Somos um país de esquemas, de trapaças. E Cavaco é um símbolo disso mesmo.
Não acredito que Cavaco Silva seja capaz de "puxar pela autoestima, dar um exemplo de exigência e rigor, aconselhar e, acima de tudo, assegurar os portugueses que não alinhará com eleitoralismos, com interesses partidários ou outros". Quando esteve lá, quando ocupou o lugar onde podia provar o contrário, Cavaco foi capaz de tudo menos disto.
Por isso, entre um e outro, prefiro o Mario Soares. Não por achar que ele é óptimo, mas porque é um mal menor...
18 Comentários:
"Sim, foram anos de grande crescimento. Sim, forma anos de grande optimismo. Sim, foram os anos em que recebiamos quantias pecaminosas dos fundos de Bruxelas. Mais do que qualquer outro, Cavaco teve os instrumentos para fazer de Portugal um país à escala europeia. Ficou-se pelo óbvio, por aquilo que qualquer homem de direita faria - abriu a nossa economia. Sim, foi, de facto positivo. Mas foi só isso." - Só isso?? Preferia mil vezes o optimismo e o crescimento desses tempos de "só isso", que o pantano em que estes socialistas de grande nivel intelectual nos enfiaram. Cavaco abriu a economia, captou investimento estrangeiro, potenciou as condições para a criação das tais pequenas e médias empresas de que falas e construiu as infraestruturas de que o país necessitava há decadas. Durante o seu consulado, o país deu o maior "salto" económico e social dos últimos cento e vinte anos. Dizes que se ficou pelo "óbvio"; talvez tenhas razão. Mas a verdade é que mais ninguém, nos últimos 30 anos, foi capaz de empreender o "óbvio", excepto Cavaco. E é curioso que o considerem de direita, porque ele próprio sempre se disse de esquerda (social-democrata) e sempre foi um neo-keinesiano, nas antípodas de um liberal.
Bem, quando vocês virem o que os ministros dos países de leste vão fazer com os mesmos fundos comunitários que o cavaco recebeu, vão perceber o que quero dizer...
Bem, beijinhos e bem vindos ao quadro de comentadores do palmier.
É curioso ires buscar o exemplo dos governos do Leste... até porque todos eles seguem as tais políticas de direita que tanto criticas! São muito mais liberais - do ponto de vista económico - que qualquer governo português dos últimos 100 anos! beijinhos
Atenção: eu não critico as medidas económicas liberais. O que eu critico é que se fique por essas medidas...
Bem, um governo liberal do ponto de vista económico terá sempre tendência a limitar-se às funções "clássicas" do Estado: defesa, justiça e obras públicas. Cavaco, que não é um liberal, criou a segurança social (nos moldes actuais) e investiu no ensino (embora isso tenha levado a uma massificação do ensino pouco positivia)...
Concordo em absoluto com o Filipe, mas tenho de dizer que o maior salto dado por Portugal foi no periodo de 1970-1973 (se bem que as diferenças para o periodo de 88-92 sejam de facto muito pequenas).
Hugo, Cavaco pode ter criado o "monstro", mas quem o engordou até à obesidade mórbida foram os socialistas, durante a verdadeira época das vacas gordas (1995/2001). Há estatísticas que o comprovam; a partir de 1998, as despesas do Estado aumentaram exponencialmente, com a admissão de mais 150 mil funcionários públicos. Isso funcionou enquanto a economia cresceu, mas agora é o que se vê! Cavaco fez o melhor possível naquela altura. Fez o que era necessário fazer.
Acho que tu, filipe, és, acima de tudo, um homem de fé...
eu acho piada ao Hugo. especialmente quando diz que cavaco conduzio o país ao ponto em que ele hoje se encontra. presmo que isso nao seja um elogio. (é que nesta discussão, o pessoal não anda muito directo). só queria dizer isto: o país estava muito bem antes do cavaco, não era, hugo? naquela altura é que era bom, certo? o cavaco é que destruiu isto tudo? ok. é como discutir o sexo dos anjos.
não posso falar pelo Hugo, nem pelo que ele pensa. Mas da minha parte nunca me ouviste dizer que antes é que era bom. Áté disse que muita coisa boa foi feita por cavaco. Só sublinhei, que ele podia ter feito muito mais. Só sublinhei que ele não é o salvador da pátria cujo regresso há muito anseio. Tendo ele sido um Primeiro Ministro do mesmo nível de tantos outros, mas com mais meios ao dispôr, não percebo a euforia com que o recebem de braços abertos agora que ele quer ir para Belém. Sou sincera, NÃO GOSTO da ideia do regresso de Soares, mas 1000 vezes o Soares...
Hei Hei, obrigada, Hugo... (e não, não sou do bloco, só concordo com ele...)
Joana: Sim, sou um homem de fé. Mas muito lúcido e extremamente pragmático. E a bem dizer, fé todos temos a nossa, cada um à sua maneira. Hugo: acho que o político do século foi Salazar (e isso nao quer dizer que o admire)... foi o que mais marcou a história recente de Portugal. E depois de Salazar, em pé de igualdade, temos Afonso Costa, Mário Soares e Cavaco Silva. Quanto ao défice e ao desperdício, os números não mentem.
Não mentem, mas manipulam-se... E Cavaco, diga-se, era bom nisso...
Claro, devemos ter mais confiança no "diálogo" e nas contas dos socialistas... podem não dominar os dossiers, podem entregar o país à sua imensa clientela, mas enquanto houver diálogo, palavras bonitas e utopia, que se lixem os numeros, nao e?
Mas porque é quie a política dá tanto pano para mangas?...´como o futebol...todos podem ter opiniões e comentar sem que isso leve a lado nenhum...só pelo desporto da coisa...desporto de bancada claro!
E isto não é uma crítica, apenas uma constatação de alguém que poderia entrar na discussão mas não vê muito bem porque o faria.
Precisamente! A diferença é que o futebol é uma questão de fé. Não é racional. Sei que o Sporting não é o melhor clube, mas é o meu clube. Política deveria ser uma questão racional. E aí a discussão deveria conduzir a algum resultado...
Acho que a piada da coisa está mesmo em discutir e esgrimir argumentos;) não me parece que algum de nós se vá deixar convencer pelos argumentos dos outros.
Claro, nem eu disse o contrário... Só disse que temos de usar argumentos racionais, o que no futebol não é um imperativo...
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