quinta-feira, setembro 1

O erro de Soares

Continuo a achar que Soares é o melhor candidato a Presidente da República. Mas se o é, é porque é um "mal menor". E acho que deveriamos ter boas opções e não o que temos. Mário Soares foi um bom presidente. Para muitos, principalmente para os da minha geração, Soares é o presidente. Goste-se ou não, Soares definiu os cânones com que o cargo é encarado, com uma precisão que ultrapassa em eficácia o estabelecido na Constituição.

Não escondi que preferia o Manuel Alegre a Soares. Seria uma lufada de ar fresco no panorama nacional. Dificilmente venceria as eleições contra Cavaco, mas deixaria mensagens, conteúdos, ideias novas, necessárias. O erro de Alegre foi não ter tido coragem de ser candidato. Coragem de se candidatar apenas para mostrar que tem fibra para o fazer. Alegre esperou e desesperou pelo apoio do partido. Um partido onde ele não será mais que um "apoiante" de Soares. Alegre, se tivesse sido fiel a si próprio, ter-se-ia candidatado sem apoio algum, além da paixão com que se move por estas lides. Sampaio, há 10 anos teve coragem para o fazer. E ganhou. O apoio do partido e dos cidadãos.

O Soares é fixe. É aquele senhor que se recusa a envelhecer (e morram longe aqueles que lhe apontam a idade como defeito...). É aquele homem que sempre lutou. Mas, a meu ver, foi agora, talvez pela primeira vez, demasiado cobarde. Ficou à espera de "ter apoios". Não é um candidato per se, é um candidato do partido. Subverteu as regras que ele próprio ajudou a criar. Ele, que enquanto presidente sempre se quis mostrar independente. Não acho que a idade lhe tenha tirado a lucidez. Mas acho que lhe tirou a garra.

2 Comentários:

Blogger Gabriel Peregrino disse...

Sem querer voltar à mesma discussão, gostava apenas de fazer dois comentários: 1. A ideia que Soares (bem como a maioria dos portugueses...) tem da economia, com aquele desprezo altivo pelos dossiers ("porque as pessoas é que contam"), é responsável pelo estado lastimável a que chegamos. 2. Soares diz vir "unir os portugueses"... quando o que precisamos mesmo é de uma ruptura que possibilite a realização de reformas essenciais à viabilidade do Estado e do país. E isso não se consegue com mais do mesmo, com "uniões nacionais" ou consensos comodistas, mas sim dividindo e indo contra os interesses de largos estratos da sociedade portuguesa, se necessário.

9/01/2005 6:41 da tarde  
Blogger Bruno Braz disse...

Sublinhado por o comentário anterior.

9/01/2005 7:16 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial