Les enfants de la patrie...
Estas histórias da violência em França têm posto toda a gente histérica, a discutir formas de acolhimento dos imigrantes. Poucos apresentam argumentos claros, racionais e válidos.
Uns defendem que o modelo europeu errou, na medida em que deu aos imigrantes as mesmas condições de vida concedidas aos cidadãos naturais, sem lhes exigir nada em troca. Outros argumentam que são todos uns revoltados e, revolta por revolta, revoltem-se lá nos países de origem deles.
Ora, eu, na ingenuidade que todos me reconhecem, julgo que os problemas começam logo aqui. Acolher alguém, significa recebê-lo como igual. No meio de nós. Deixar de o ver e categorizar como imigrante, para o tratar como português, francês, belga ou espanhol. Provavelmente estou a ser demasiado individualista, mas creio que estes cidadãos do mundo devem ser tratados como seres humanos únicos e não como números estatísticos que vamos empurrando para os guetos das nossas periferias e para as profissões que nós nos recusamos a ter, em condições indignas.
Há prédios vazios no meio da cidade cuja recuperação custaria bem menos que a construção de complexos habitacionais de raiz em Chelas e afins. Isto permitiria que os imigrantes vivessem junto de nós, fossem à mesma mercearia, ao mesmo Pingo Doce, permitiria que os seus filhos fossem à mesma escola que os nossos. Que, lentamente, e ao seu próprio ritmo, se fossem integrando na nossa sociedade.
Acho que o importante aqui é entendermos que todos nós podiamos estar nesta situação. Que ao trauma de termos de abandonar as nossas casas, os nossos amigos, as nossas cidades, acrescentamos o facto de sermos suspeitosamente olhados de lado, de trabalharmos em condições desumanas, de o país onde estamos se recusar a reconhecer o nosso estatuto legal. Eu confesso, se fosse comigo, também andaria por aí a queimar carros.
Uns defendem que o modelo europeu errou, na medida em que deu aos imigrantes as mesmas condições de vida concedidas aos cidadãos naturais, sem lhes exigir nada em troca. Outros argumentam que são todos uns revoltados e, revolta por revolta, revoltem-se lá nos países de origem deles.
Ora, eu, na ingenuidade que todos me reconhecem, julgo que os problemas começam logo aqui. Acolher alguém, significa recebê-lo como igual. No meio de nós. Deixar de o ver e categorizar como imigrante, para o tratar como português, francês, belga ou espanhol. Provavelmente estou a ser demasiado individualista, mas creio que estes cidadãos do mundo devem ser tratados como seres humanos únicos e não como números estatísticos que vamos empurrando para os guetos das nossas periferias e para as profissões que nós nos recusamos a ter, em condições indignas.
Há prédios vazios no meio da cidade cuja recuperação custaria bem menos que a construção de complexos habitacionais de raiz em Chelas e afins. Isto permitiria que os imigrantes vivessem junto de nós, fossem à mesma mercearia, ao mesmo Pingo Doce, permitiria que os seus filhos fossem à mesma escola que os nossos. Que, lentamente, e ao seu próprio ritmo, se fossem integrando na nossa sociedade.
Acho que o importante aqui é entendermos que todos nós podiamos estar nesta situação. Que ao trauma de termos de abandonar as nossas casas, os nossos amigos, as nossas cidades, acrescentamos o facto de sermos suspeitosamente olhados de lado, de trabalharmos em condições desumanas, de o país onde estamos se recusar a reconhecer o nosso estatuto legal. Eu confesso, se fosse comigo, também andaria por aí a queimar carros.
2 Comentários:
Joana, repara que os que andam a pegar fogo a carros e a matar pessoas inocentes (sim, a matar pelo simples gosto de matar) não são nem imigrantes nem desempregados. São menores de 16 anos, na sua maioria, e são filhos ou netos de imigrantes. Ou seja, são franceses. O que nos remete para outra questão: se os filhos e netos de imigrantes portugueses, espanhóis, turcos, polacos e russos se conseguem integrar em França - apesar de os seus pais e avós terem sofrido discriminações e de terem vivido durante anos nas tristemente célebres "biddonvilles", muito piores que os actuais "banlieus" -, porque é que estes não conseguem? Acredito que seja por várias razões: a rigidez do sistema laboral francês, que dificulta a integração e ascensão social (ao contrário do americano); a cultura "providencialista", que leva as pessoas a habituarem-se a viver à conta do Estado e a reclamarem "direitos" que muitas vezes não o são e a morder a mão que os alimenta (a França deve ser o único país do mundo que dá um prémio de mil euros a quem se dignar arranjar emprego!); e o modelo multiculturalista, que em nome de um suposto "respeito pela diferença", permite a criação de autenticos guetos separados da sociedade. Além disso, justificar as acções destes vândalos é insultar os milhões de imigrantes e de franceses que têm vidas bem mais duras que as deles, mas que vivem honestamente. Para além de que, mesmo num sistema rígido como o francês, quem quiser realmente integrar-se consegue fazê-lo. Pelo menos é o que dizem os jovens árabes e negros que conseguiram encontrar trabalho e sair dos subúrbios, e que recentemente têm sido ouvidos pelos media.
Tive um colega de trabalho filho de emigrantes portugueses em França, que optou por regressar há já alguns anos, quando teve o seu filho, pois achava que era uma questão de tempo até haver algo como o que está a ocorrer actualmente. Parece que de facto a integração não é algo simples. Não li/vi até agora nada que me leve a pensar que há alguma receita milagrosa para a integração de quem não quer ser/ou não pode ser integrado.
Esse meu colega por vezes dizia que os franceses eram racistas (no sentido de tudo o que não fosse francês não ser bom) mas acho que o problema é duplo pois ele dizia que os franceses eram excessivamente convencidos (quando se pensa assim parece-me que também se é).
Acho que a destruição de bens não melhora a situação de ninguém, e pode piorar a situação dos atingidos. Não entendo como é que alguém pode achar que poderia fazer o mesmo (entender o acto de destruir, será?). Não, não consigo entender.
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