segunda-feira, janeiro 12

Traumas verdadeiros

Para ser sincero, não sabia dessas tua afiliação. E quando ataquei a ofensiva em Gaza, não esperava que conseguisses transformar um argumento contra o governo de Israel num ataque pessoal, simplesmente porque não te sabia tão amiga do governo de Israel. my bad.

Aliás, eu não cometo o erro de confundir os povos com os governos. Durante anos tentei tornar claro que não confundia o povo americano com a administração Bush assim como não o vou confundir com a do Presidente Obama. Acho que isso está relacionado com a experiência, essa sim traumática, de me ver associado a nomes como Durão Barroso, Pedro Santana Lopes ou José Sócrates.

Mas a invocação do Holocausto, que está longe de ser original em mim, não tem a ver com a ironia de serem a vítimas de então os algozes de agora, por muito poética que essa ironia seja. É porque a imagem de um ataque indiscriminado e massificado sobre uma população que não tem para onde fugir, é demasiado fácil para evitar. Basta ver as imagens e ler as descrições de vítimas que chegam aos hospitais para perceber que as IDF estão a usar munições "cegas" sobre áreas residenciais, em clara violação das mais básicas leis da guerra. Basta pensar na perfídia com que se lançam panfletos avisando da escalada dos ataques ao mesmo tempo que barram a saída das pessoas, para que o sadismo das SS nos venha à cabeça.

Como vês, Joana, isto tem a ver com crimes de guerra, com a responsabilidade de um estado ocidental de observar o respeito pela Lei Humanitária sob a bandeira da qual ele próprio foi criado, com as vidas de mais de 800 pessoas, com o que resta das vidas das suas famílias nos casos em que não foram todas obliteradas.
Não tem a ver contigo. Não tem nada a ver contigo.

No fim, parece-me mais que quem transformou o argumento num ataque pessoal foste tu. E o mais interessante é que o viraste contra ti própria.

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