quinta-feira, dezembro 21

Sobre a Educação

TLEBS para cá, TLEBS para lá, o que tem de levar uma volta é o sistema de ensino todo. É uma falácia socialista esta de que a educação é para todos, quando depois a educação que é dada a todos é do pior.

O mal, parece-me, não está nas terminologias. Nem vou dar uma de académica. A mim chamar a algumas palavras "substantivos" nunca me fez grande espécie. Não tanto pelo vocábulo em si, mas porque tive a sorte (helás!) de ter bons professores.

Discutir o ensino na praça pública teve sempre o seu quê de tabu. As colocações dos professores sim. Os ordenados dos professores claro que sim. Mas as mais-valias para os alunos não parecem ser dignas de greves e manifestações.

Antigamente, no tempo dos meus avós, saía-se da quarta classe a saber escrever, a fazer contas de cabeça e com a história de Portugal na ponta da língua. Quem alguma vez (eu confesso que várias vezes) se deu ao trabalho de ler "As Lições do Tonecas", tem uma noção clara da quantidade de coisas que se deixou de aprender na escola primária (coisas como o que é um "cefalópode" ou um "fitozoário").

Julgo que aqui batemos num dos males da democracia e do paternalismo estatal que tem caracterizado o nosso pós-25 de Abril. A educação para todos não é o mesmo que oferecer diplomas. Educação para todos, não pode ser sinónimo de baixar a fasquia, para que todos tenham, na pior das hipóteses, o 9º ano.

Fazer do 9º ano o ensino obrigatório não pode ser apenas uma forma de afastar as crianças do trabalho, mas sim, uma forma de garantir que todos os portugueses tenham um mínimo aceitável de conhecimentos.

Pessoalmente não sei como se deveria ou não reformar o nosso sistema de ensino. Não tenho essa solução. Posso apenas dar-vos o exemplo da minha escola primária. Privada, claro, e que segue moldes ligeiramente diferentes.

Para que me entendam, deixo-vos com uma citação da fundadora do "meu" colégio:

Na escola, nem sempre está associado o prazer à actividade pro­posta. Quando digo prazer não excluo o esforço que lhe está ligado. A diferença está em despendermos esforço numa acção de que se gosta ou, pelo contrário, se detesta. Não se trata de só fazer aquilo de que se goste - mas do que tem significado para o sujeito e que constituirá caminho para a elaboração de novas ideias e de novos conhecimentos. Não é com reorganizações curriculares nem com reforços disciplinares, nem com aulas de cinquenta ou noventa minutos, que construímos uma escola que através da sua paisagem urbanística e do fervilhar de um trabalho assen­te na expressão, na comunicação, na arte e na ciência, faculte a todos os humanos que nela cresçam «o prazer de escrita»
Lucinda Atalaia, Directora do Jardim Infantil Pestalozzi, Lisboa

PS1 - A falta de coerência que eventualmente se possa encontrar neste texto deve-se aos milhares de micro-terroristas que tomaram o meu corpo de assalto. Os capacetes brancos não estão a dar, obviamente, a devida conta do recado. O meu sistema imunológico tem muito de ONU por estes dias...

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

eis uma questão que muito me preocupa ultimamente, já que tenho um filho de 3 anos que vai entrar para um jardim-de-infância. sim, mas qual?
e ainda não cheguei à primária, com aquela recente (para mim) maneira perfeitamente ridícula de ensinar o alfabeto, chamando por exemplo "me" com o "e" fechado à letra que sempre foi e será "eme". será que é preciso mesmo tratar as crianças como pequenos imbecis sem capacidade de abstrcção, elas que, pelo contrário, têm ainda as suas várias faculdades mentais bem frescas?
às vezes gostava de ter disponibilidade para ensinar eu o meu filho, seguindo os interesses espontâneos dele, pagando menos e provavelmente, divertindo-nos mais... um "unschoooling" luso...

2/14/2007 11:30 da manhã  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial