segunda-feira, julho 31

Regresso: Hezbollah vs. Vietcong

Há quem diga que, mais ou menos por esta altura do ano passado, alguns generais israelitas se deslocaram aos Estados Unidos e apresentaram no Pentágono um plano em tudo semelhante ao que estão a pôr em prática no sul do Líbano.

Seja verdade ou não, acho que não há grande lugar para dúvidas de que este ataque ao Hezbollah não tem nada a ver com os 6 soldados israelitas mortos e os 2 raptados há algumas semanas. Tem a ver com a tentativa sistemática de Israel se livrar, pela via militar, de uma ameaça terrorista sobre a sua população, o que é uma pretensão completamente justa.
Fica já aqui escrito: o Hezbollah, o Partido de Deus, é um movimento que está até hoje a aterrorizar centenas de milhares de cidadãos israelitas. Nem os seus métodos de ataque indiscriminado sobre populações civis, nem a sua ideologia falsa de que Israel representa a ameaça sionista que quer conquistar o mundo, alguma vez encontraram em mim a mínima palavra de apreço.

Mas as más notícias não vêm do Hezbollah, cujos métodos e movimentos são bem conhecidos dos especialistas na região. As más notícias vêm dos vários conflitos entre um exército organizado, como as Israel Defense Forces (IDF) e um movimento que age no campo da guerrilha, como o Hezbollah. E dos sinais que as IDF estão a dar.

Mesmo matando virtuais milhões de vietcong todos os dias – os comunicados de imprensa dessa altura são mirabolantes – os Estados Unidos conseguiram perder no Vietnam. Porquê? Porque a guerra convencional feita contra um movimento que nasce e cresce nas populações civis, cresce tanto mais quanto maior for a guerra que se lhe fizer. Era mentira que aqueles incontáveis milhares de mortos fossem todos vietcong. Na verdade, uma boa parte, senão mesmo a maioria, era gente que pouco percebia de porque é que estava em guerra. E, assim como qualquer um de nós, quando lhe morria um da família às mãos dos “estrangeiros” não se importavam de dar guarida e cobertura ao Vietcong, ou mesmo juntar-se às suas fileiras. Quantos mais supostos vietcongs os americanos matavam, mais estavam a criar.

O mesmo se passa com os movimentos extremistas islâmicos, com a agravante de as populações do Líbano não serem tão ignorantes e ideologicamente desligadas quanto os camponeses perdidos no meio do Vietnam.