segunda-feira, agosto 25

Pequim 2008

Apesar da minha relutância inicial em assistir aos Jogos Olímpicos de Pequim, de maneira a simbolizar a minha falta de apoio ao que se passa na China, acabei por acompanhá-los.
I'm a sports nut, what can I do?

Continuo a considerar nefasta a atribuição da organização dos Jogos a um regime que desde há muito faz tudo para obter reconhecimento internacional e continuo a achar que a proibição das manifestações pelos direitos humanos, por se tratarem de manifestações políticas, acabaram por enfatizar a maior das manifestações políticas: a da legitimidade internacional do próprio regime chinês.

Apesar de todos os pesares, não me arrependo de voltar atrás na minha decisão e assistir às provas. Porque os Jogos Olímpicos são uma manifestação única. A proeminência dos feitos de Phelps e de Bolt são a prova de que, mesmo quando o futebol está presente (e grandes equipas estavam representadas com alguns dos seus melhores jogadores), as pessoas afluem em massa é às provas de superação dos limites do corpo humano, a ver os grandes atletas, a ver cair os records.

E estes Jogos vão ficar para sempre na memória, como os jogos em que Michael Phelps ganhou oito medalhas com sete records do mundo e um olímpico, com provas ganhas ao centésimo e com a ajuda dos colegas das estafetas e outras em que, como disse o campeão russo Alex Popov, "ganhava até se nadasse com os pés para a frente". Vão ficar na memória como os jogos em que Usain Bolt brincou com o record dos 100m, a bater com a mão no peito, deixando os adversários a milhas. E ainda pelo record de Elena Isinbayeva no salto com vara feminino, pela medalha de prata de Oksana Chusovitina na ginástica, conseguida aos 33 anos, contra rivais que tinham quase a metade da idade dela, pelo novo record olímpico de Samuel Wansiru na maratona, pelo Nélson Évora, o quarto campeão português em 112 anos de olimpismo (com as conhecidas interrupções devidas aos conflitos mundiais).

Vão ser lembrados não por cabeçadas no peito dos adversários ou saídas a destempo aos cruzamentos, mas pelas grandes lendas, pelos atletas de eleição que nos merecem o aplauso por terem sido mais rápidos, por terem chegado mais alto, por terem ido mais longe.