segunda-feira, novembro 22

2 para 1 (alguém ficou desmarcado...)

Eu não sou do BE e não acho que a esquerda exista para ser bonita.
Acho que é necessária.
Sou social democrata, se quiserem ir quase ao étimo. Hoje em dia ficará melhor dizer socialista democrático.
Eu acredito no mercado livre, no liberalismo e na iniciativa individual. Imagino que também acreditem nos Direitos Humanos e dos Povos, na Responsabilidade Social dos media num mundo globalizado segundo assimetrias desnecessárias, e no papel regulador e mobilizador da consciência dos Homens que devem ter as políticas do estado democrático.
Quero crer que o que nos separa deve ser apenas uma questão de enfoque, de prioridades e do que estamos dispostos a aceitar.

Miguel Maia

domingo, novembro 21

Então e os outros meninos? Pelo menos tu, Joana...

Gostava subscrever na quase totalidade o post anterior do Lameira. Ele saberá que só não concordo com o seu pragmatismo.
Uma das discussões que costumo ter com a Viviana é acerca do facto de toda a gente atacar o Silvio Berlusconi só porque é fácil e sem sequer ter a mais pequena ideia do que é que ele fez em termos executivos, ou a sua maioria em termos legislativos. Não posso (e raramente quero) deixar de lhe dar razão. De facto, não podemos ser tão superficiais e tão ligados às aparências quanto a imagem que dele temos.
Ela diz: "É verdade que existe o problema dos tribunais e o problemas da concentração mediática e da pouca vontade de responder perante os críticos. Mas sejamos pragmáticos... o estado, em Itália, é de uma lentidão e tem um peso tal que uma visão empresarial como a de Berlusconi pode ajudar o relançamento na cena do mercado globalizado de um país que já está a morder os calcanhares aos gigantes da Europa.

Pois eu não sou pragmático. Quem detém uma tal parcela dos meios de comunicação não pode tornar-se o titular dos meios públicos e que tem um processo em tribunal por corrupção de juizes não pode ser o Presidente do Conselhos de Ministros. Nada o justifica. Tem que haver naquele país quem não tenha tantas questões com a verdade e possa tomar as mais altas chefias do estado. O exercício público tem que ser virtuoso. Para mim é uma questão de princípio, e se abrimos mão dela, então a democracia não faz sentido.
Com o Presidente Bush passa-se o mesmo. Ele mentiu deliberadamente acerca das armas de destruição massiça e acerca da ligação de Saddam à Al-Qaeda. Na minha opinião, só por isso não devia poder (repito: Não devia poder) ser presidente de um país democrático e quem o elegeu este mentiroso, ainda para mais sob o pretexto de ser o candidato que melhor defendia os valores sagrados, não tem espinha dorsal e não merece o meu respeito (o que não quer dizer muito, mas pronto).

(nota: a Viviana não apoia Silvio Berlusconi, apenas apoia o rigor a coerência antes de se abrir a boca. Subscrevo totalmente as suas palavras.)

Miguel Maia

outra resposta

Enquanto esperamos por outras participações, vou responder aos teus três pontos (do post Não me quero alongar). O primeiro e o segundo terão a mesma resposta: Não te chamo faccioso por teres opinião, nem acho que estejas a faltar à democracia quando a expressas - isso seria simplesmente estúpido. O que me causa irritação é a tua ideia de que aqueles que não pensam como tu (quem votou Bush) são estúpidos ou atrasados mentais, que, como Michael Moore diria, precisam ser educados e iluminados. Essa linha de raciocínio é que não se enquandra bem dentro de uma democracia.
O teu terceiro ponto aborda a grande questão dos nossos dias, a mais importante e a que mais divergências vai causando, e que é, no fundo, o que andamos a discutir quando falamos de Bush, da América e etcs. Essa questão não se limita ao Iraque, é uma coisa muito maior. Tentarei explanar a minha opinião o melhor que posso:
O 11 de Setembro de 2001 pôs a nu um facto (não acho portanto que seja uma questão de opinião) - existe um grupo de pessoas que pretende a aniquilação do nosso modo de vida, não se trata de uma discordância, mas sim de um anátema. Os Estados Unidos da América não são uma coisa estrangeira, que não tem nada a ver connosco, europeus. Fazemos todos parte de uma cultura, de uma civilização, apesar das diferenças. Essa cultura é o resultado de muitos anos de História comum, de toda a barbárie de que fomos responsáveis, mas também do Renascimento, da Reforma, da Revolução Francesa, da separação entre Estado e Igreja, das revoluções liberais. Quem atacou a América (e logo Nova Iorque), atacará a Europa, porque o que vê de mal nela, verá de mal em nós.
O grupo de pessoas que nos ameaça pode ser uma minoria (duvido), contudo tem, ou está em vias de ter, a força necessária para almejar os seus objectivos. Penso que todos temos a consciência de como as massas populares (à falta de melhor termo) são volúveis, de como é fácil arregimentá-las. Temos os exemplos do comunismo e do fascismo para o provar. Nos países onde islamismo se confunde com o Estado, essa adesão é ainda mais fácil. E o ódio ao Ocidente (com a América à cabeça, por ser a face mais visível dessa mesma ocidentalidade) vai grassando.
Concordarás que existe este perigo, pelo menos. Segue-se a grande questão - como resolver este problema.
Tu advogas o diálogo, o compromisso, o pacifismo. E eu pergunto como é que se dialoga com o nosso assassino, como é que o fazemos entender que não nos deve matar. Será melhor ficarmos aprisionados nas nossas culpas e não nos defendermos, será melhor tentar ganhar algum proveito político (como a França pretende) e virar a cara à luta, será melhor fugir com o rabo à seringa como em 1938? Eu penso que não, que temos o direito de nos defender, de retaliar.
Provavelmente, porás em causa a acção no Iraque mesmo concordando com o anterior. Não se encontraram armas de destruição massiça, não há provas de relações entre o regime de Saddam Hussein e a Al-Qaeda. No entanto, e vendo as coisas de maneira pragmática, derrubou-se um ditador sanguinária e procura-se, com imensas dificuldades é certo, implantar um regime minimamente democrática (o que existe pouco naquela zona). Que mal há nisso, pergunto-te. Qualquer regime autoritário que, directa ou indirectamente, ponha em causa o nosso modus vivendi é perigoso. E desse ponto de vista, o regime iraquiano era-o. Haverá outros, talvez de maior perigosidade, o que não exclui a ameaça deste. Para mais teremos, a partir de agora, posições estratégicas no seio da região, o que nos dá um outro espaço de manobra. Porque estamos em guerra, não esqueçamos.
João Lameira

sexta-feira, novembro 19

willem silva

Hão-de ver a comparação que um canal de televisão (acho que até foi a RTP... e não cortaram a electricidade nem nada) que fizeram das declarações do líder parlamentar do PSD, Guilherme Silva. É interessante que aparece o senhor com o mesmo cenário de fundo, com as mesma luz, a verberar no mesmo tom estridente e com o mesmo sotaque madeirense.
O que difere é o que lhe vai brotando por entre os dentes.
Há duas semanas o caso Marcelo (que não me apetece discutir) não podia ser analisado pela Assembleia da República até sairem os resultados da Alta Autoridade, porque só o orgão regulador é que podia aferir a veracidade dos factos.
Hoje (15 dias e não 15 anos meses, ou 15 semanas depois) o assunto não podia ser analisado pela Assembleia da República porque só sairam os resultados da Alta Autoridade, e o orgão regulador não podia aferir a veracidade dos factos.
Só mudou do sim para o não... não é mais do que uma palavrinha... Faz lembrar a questão de atacar o Iran ou o Irak...

Miguel Maia

o arauto

Queria deixar aqui uma pérola do grande realizador (no sentido de que é gordo) Michael Moore:

"51 por cento dos americanos tiveram falta de informação (nesta eleição) e queremos educá-los e iluminá-los"

Nem Staline diria melhor, é pena o senhor Moore não ter uma Sibéria para onde mandar esses bárbaros.
João Lameira

quinta-feira, novembro 18

Não me quero alongar

De facto não muito produtivo desviarmo-nos de uma questão para outra ou tentar abordar muitas ao mesmo tempo. Será ainda menos produtivo entrar numa de "parada e resposta" sem dar tempo aos outros de participarem. Por isso, e por enquanto, limito-me a fazer uns pequenos comentários.
1. Não tens nada que me pedir desculpa por eu ser faccioso. Eu sou um ser uno e único, defendo uma posição e nem sequer alinho em grandes hypes, que sempre foi um aproveitamento de uma busca humana da ignorância que, só de ver, me repugna. Desse ponto de vista sou o mais faccioso que se possa imaginar e gostava que toda a gente fosse assim.
2. É óbvio que o resultado na América foi democrático, nem eu estou a faltar à democracia por exprimir que preferia que ganhasse outro candidato. Não percebo em que medida é que ter uma opinião acerca da maneira como as coisas devem acontecer é condenável. Bush ganhou e a vitória foi tanto mais incondestada quanto ele até o "voto popular" (o total da população americana, independentemente do estado) ganhou. A consequência disso é que 100% dos americanos (e não apenas os que votaram nele) vão ter que o aturar. Mas esse problema é deles. Eu tenho um problema semelhante aqui em Portugal e tenho que viver com ele porque são essas as regras do sistema que é, reitero-o quantas vezes quiserem, o melhor de todos.
3. Entre alguém que defende valores mais difíceis, mas mais importante, como a primazia do diálogo sobre o conflito, da negociação, das inspecções de armas, do multilateralismo sobre o que eu pessoalmente acho valores básicos e que apelam a uma humanidade menos aprofundada, menos trabalhada, menos afeita ao trabalho de entender-se a si próprio no outro... entre estes dois modelos eu, meus amigos, vou para a guerra. Só um é aceitável, só um nos conduz ao futuro. O outro é um retroceso, não à Idade Mèdia, mas à altura em que tínhamos medo de sair das árvores.

Miguel Maia

respostas

O post do meu amigo Miguel Maia levanta tantas questões que há-de ser difícil ir a todas. Mas tentemos. A eleição de George W. Bush e a derrota do senador Kerry são um problema da América, sim senhora. E, meu amigo Miguel, parece que isso te custa a aceitar. Dizer-se que os resultados provam a estupidez dos americanos e a decadência da América é uma questão de opinião, e, sem te querer insultar, muito facciosa. Só porque não têm a tua opinião, ou a tua maneira de ver as coisas, pensam mal, são cegos, estão iludidos, são umas bestas. E parece que te esqueces que metade dos votantes partilham o teu ponto de vista, e expressaram-no e não só nas urnas. Nesse país demoníaco, tais pessoas não foram ostracizadas, nem perseguidas, nem se viram privadas dos seus direitos, muitas são figuras proeminentes apesar disso e outras são-no por causa disso. Não podes negar que houve democracia e um vencedor democrático. O que te chateia é que tu não querias que aquele tivesse ganho - o que me parece menos democrático. A América é um país conservador - tens razão. Mas que mal há nisso, mais uma vez só a tua não-concordância. Conservador só é insulto em Portugal, onde somos todos progressistas. É só pena que tenhamos trinta anos de democracia contra os duzentos dos EUA.
Dizes que John Kerry era um bom candidato, aí até dou o braço a torcer - não sei. Talvez fosse, contudo não era esse príncipe encantado que tu constróis. Falava bem é certo (bem melhor que Bush), apresentava propostas coerentes (que, mais uma vez, estão sujeitas às crenças de cada qual - deves permitir a discordância), só que tinha dificuldade em ser claro nalguns pontos, muito particularmente na questão do Iraque, e aí, meu amigo, não há volta a dar-lhe. Quem o ouviu, ainda hoje, tem dúvidas sobre o que iria acontecer se Kerry tivesse ganho, porque ele próprio nunca o disse. Não acho que o senador tenha feito uma campanha especialmente suja (foi o normal), mas eram bem desnecessários aqueles comentários em relação à sexualidade da filha do vice-presidente. E, outra vez, nunca ficou clara a sua posição quanto ao casamento entre homossexuais, que deve ser um dos argumentos para chamares homófobo a Bush.
Quanto a George W. Bush, sei bem que não é perfeito. Que a economia entrou em recessão e tudo isso, que eu realmente não tenho conhecimentos para contestar ou confirmar. Mas escreveres que o mundo era seguro antes desta presidência e que agora é que está tudo um caos é risível. Desculpa, mas revela a cegueira em que tu e outros vivem (é a minha vez de ser faccioso). O perigo islâmico existe já há muito tempo, muito antes de Bush sonhar poder chegar a presidente. Não é culpa dele, é devido a tanta coisa que seria demasiado complicado estar aqui a enumerar. E, com isto, não quero fugir às culpas que a América e todo o Ocidente têm nisso. Estarmo-nos a lamentar dessas culpas e ficar quietos é que não é aceitável. A nossa civilização, gostemos ou não dela, é a nossa. Detestaríamos que fosse substituída por aquela que o Islão preconiza. E não aceito que se diga que os fundamentalistas são uma minoria e esse tipo de coisas. Enquanto que, em todos aqueles países não houver separação entre Estado e religião, estamos muito mal. São perigosos, muito concretamente a Arábia Saudita e o Paquistão. Vais-me dizer que esses são aliados dos Estados Unidos. São, mas a isso chama-se política. Como é política a decisão de invadir o Iraque. Não tem corrido bem é certo, porém só os tolos é que pensariam o contrário. Estas coisas, como outras, são difíceis, o que não impede que sejam urgentes e necessárias.
Fico-me por aqui. Acho é que devíamos discutir uma questão de cada vez, para melhor podermos aprofundar cada assunto.
João Lameira

Pois então, discuta-se

Nos últimos posts de um blog do Público sobre as presidenciais americanas encontram-se algumas reacções aos resultados das eleições na América, demasiado azedas é certo, que vão na linha do que eu penso.
As eleições deste ano na América marcaram uma mudança que nem as do ano 2000 tinham vincado. Nessa altura, para além de todas as dúvidas que se possam ter levantado acerca dos resultados finais, a opção americana ainda era um tiro no desconhecido. Dos dois candidatos, é natural que George W. Bush fosse o mais emocionante, o candidato de quem se podia esperar algo de diferente dos anos Clinton.
E lá nisso as nossas espectativas não sairam defraudadas. A administração Bush, na minha opinião, conseguiu corroer o capital (quer económico quer político e diplomático) que os Estados Unidos tinham como potência vencedora da Guerra Fria e à volta da qual uma nova esperança de paz e de humanismo se podia basear. É até estranho que isso tenha acontecido. Afinal de contas o mundo era um local onde a segurança não era uma questão importante e onde um boom excessivo da economia.com tinha provocado uma recessão que os sucessos anteriores iam conseguiam amparar. Os Estados Unidos propriamente ditos, tinham o exército mais forte e mais espalhado pelo mundo que alguma vez se tinha conhecido na nossa história, o Iraque (o nosso Iraque) continuava com o Saddam, mas com uma capacidade militar que havia sido mais atacada e neutralizada durante a "paz" de Clinton do que durante a I Guerra do Golfo. Não havia crise económica ou militar que justificasse esta guinada para o radicalismo religioso, moralista, unilaterale belicista que justificasse o recurso a uma presidência americana naquele estilo.
Mesmo assim, foi o que aconteceu.
Pois bem, quatro anos volvidos, estava na hora de reparar no erro evidente e de retomar o caminho. A campanha de John Kerry, que basicamente se estava a candidatar à presidência desde o dia em que tinha nascido, foi uma boa campanha. Nada do que Kerry defendia era incoerente ou flexível com a defesa dos valores da liberdade ou da igualdade... mais do que a homofobia, por exemplo, alegremente laudada pelo seu rival. Disse que apoiaria a Guerra no Iraque se se provasse que estavam lá armas (até porque se recusava a que tropas fossem enviadas para um conflito sem que o backing do Senado). Quem voltou atrás com a palavra não foi John Kerry quando retirou o seu apoio à guerra quando se tornou patente a falta das armas, quem voltou atrás foi o presidente Bush quando enviou o seu país para a Guerra por causa de um perigo que o seu predecessor (e muito acusado foi ele por causa dos ataques diários ao Iraque) já tinha removido. E fê-lo de forma unilateral e no mais gritante desrespeito pela ordem internacional e pelas Nções Unidas (o facto da França e da Alemanha não quererem participar foi, de certeza, não mais do que uma manobra estratégica... tivessem as condições sido diferentes e lá os teríamos visto).

O senador Kerry não mentiu, não se enganou, não foi incoerente ou fraco e se o problema dele foi esse, então o problema não é dele... é da América.
Se John Kerry perdeu as eleições, não foi porque não tenha sido claro, ou porque não tenha sido carismático o suficiente. A afluência dos eleitores foi prova disso. Esta eleição foi o espelho da América actual: um país conservador, de pessoas superficiais e estupidificadas e será, digo eu, a razão da sua decadência.

Miguel Maia

terça-feira, novembro 16

Vê-se mesmo que é do Porto

Não tem mais nada que fazer e vem para aqui arrotar postas de pescada. Ressabiado pelas excelentes campanhas do F.C.P. na Taça de Portugal e na Liga dos Campões, o nosso colega com nome de protagonista de romance de Eça de Queirós congratula-se com a chegada do seu clube ao primeiro lugar do Campeonato português. Com a equipa que vocês têm também não é difícil. Difícil é mesmo aturar-vos, ó portistas, não têm ao menos vergonha na cara - uma equipa milionária, com jogadores como Diego ou Maniche contenta-se com jogar mal e porcamente e estar, no mês de novembro, confinada a uma única prova. Mal andam as hostes do Dragão.
João Lameira

Como ninguém responde

Vou passar a assuntos mais pessoais. Nesse caso estou certo de receber resposta.
O Lameira está a tirar a carta. Devia ser um sinal de aviso e de alarme para todos os condutores... mas também um sinal de esperança para os não condutores. Afinal não há longe nem distância, afinal nada é impossível.
O Arouca anda meio desaparecido. Gostava de acreditar que se anda a dedicar mais aos estudos. E daí, também gostava de acreditar em tantas outras coisas... mesmo assim acho que o Porto vai mesmo ser campeão, isto se não perder a liderança já no domingo que vem. Se o Sporting deu 6 ao Boavista depois de levar 3 do Porto, pode ser que o Boavista, de orgulho ferido, acabe por dar 12 ao Porto ou qualquer coisa do género. Até lá, "kneel before Zod" seus benfiquistas armados à besta. Com que então era para nos habituarmos a ver o Benfica na frente, não era?? Continuem a jogar com aqueles dois cepos lá à frente, continuem. A jogada Moreira-Karadas, Karadas-falta inexistente à entrada da área, falta inexistente à entrada da área-golo do Simão não vos há-de salvar para sempre.
Quanto aos outros meninos e menina, um grande saravá.

terça-feira, novembro 2

À falta de melhor assunto

Num dia domnado per as elheições amricanas (esta é a minha melhor imitação do Pedro Bicudo, que eu espero intimamente vir a despedir um dia)... vamos falar de outra coisa qualquer.
Hoje apetece-me discorrer um bocado sobre os bons cidadãos dos nosso país, principalmente, não fosse este post acabar por ser qualquer coisa de importante ou que valesse a pena ler, da classe jornalista.
Já era assutador o suficiente o facto dos portugueses acharem todos (e aposto que entre eles se incluirão os valorosos membros deste blog) que a comunicação social se devia subsituir à polícia, ao governo e às empresas, só para nomear alguns. Parece que há quem pense que este país não anda bem (principalmente enquanto não vai ao estrangeiro) e decida fazer queixa disso... não em debates públicos ou foruns de discussão menos aligeirada que o "Opinião Pública" da SIC Notícias, ou em petições ao Parlamento e achatear os políticos que servem para nos representar... não, nada disso. Quando há um assalto, hoje em dia, a primeira coisa a fazer é chamar a TVI. A polícia vem depois.
Mas como se isso não bastasse, parece agora que os próprios jornalistas decidiram alinhar nesta alucinação colectiva a que decidimos chamar III República (ou não decidimos, porque vivemos num regime político que raramente tem nome).
Tudo isto surgiu-m ontem quando uma jornalista, futura colega nossa, futura inimiga fidagal da joaninha 1000-homens (com "h" pequeno!), entrevistava um agente da Brigada de Trânsito da PSP (ou da GNR, nunca os distingo). Páginas tantas, enquanto a jornalista tentava em vão culpar as autoridades pelo número de vítimas nas estradas durante a "Operação Outono" (estes nomes fazem-me sempre lembrar os jogos da Selecção (tens razão lameira... esta cena de andar a passar de uma imagem para a outra desconcentra mesmo os leitores)), verificou que os 12 mortos ocorridos em nada poderiam ser imputados ao Agente Lavadinho (os nomes deles acabam sempre em "inho", tmbém não sei porquê), nem a nenhum dos seus colegas, já que nenhum deles tinha distraido, ameaçado ou induzido em erro nenhum dos pacóvios que tinha tido os acidentes e que provavelmente tinham levado alguns com eles.
Não satisfeita a jornalista voltou à carga. Se a culpa não é da bófia, então deve ser do governo que não lhes dá jet-packs para voarem paralelamente aos carros condizidos pelos pacóvios, e darem uma guinada correctiva ao volante no último segundo. Também não colou.
Então e as estradas. Mmh, são perigosas de facto. Talvez seja isso então. Talvez aquilo de que os pacóvios precisassem fossem de estradas em linha recta em as localidades... correndo-se então o risco de aumentarem as corridas promovidas por aquela chungaria que, por definição, quase que inventou o termo "pacóvio": o pessoal do tunning, ou, como eu gosto de lhes apelidar "do chunning" (chunga+tunning, para os menos atentos).
Chego pois a uma conclusão. A culpa dos acidentes é, em grande medida, dos próprios acidentados, que andama nas mesmas estradas que nós, com as mesmas condições climatéricas, de piso e com carros talvez melhores, em muitos casos. Os acidentes acontecem a todos, é certo. Mas conduzir, enquanto actividade de nos transportar e de transportar outros, todos sentadinhos num carro, de um dado ponto para outro, não é uma actividade perigosa.
Mas queria deixar uma nota de esperança: se há cada vez menos acidentes é porque, evidentemente, a velocidade com que os pacóvios vão desaparecendo das estradas é maior do que a velocidade com que novos pacóvios se vão formando. Talvez sejam boas notícias não só para os condutores conscienciosos, como também para os que querem uma sociedade mais madura, mais democrática, mais participativa e mais progressista. Eu incluo-me nos últimos. E vocês?