Um exemplo dos favores imensos que se continuam a fazer a África:
O Chad, um país ladeado pelo Sudão, pela Líbia e pelo que costumava ser o lago Chad (já quase desaparecido), é o berço de uma das crises humanitárias mais difícies de controlar: a crise do Darfour.
Com um cenário de tal forma negra, não é pois de estranhar que o Chad seja não menos do que o maior exportador individual de petróleo para a ExxonMobil, também ela não menos do que a maior empresa do mundo, se analisados apenas os resultados dos lados das receitas.
Ainda assim, o Chad - mais um detalhe que também não vai surpreender ninguém - não tem uma gota de gasolina em seu nome que não seja importada da Europa ou dos Estados Unidos, ou do novo amigo chinês. Todo o petróleo que é extraído do Chad é transportado por um oleoduto até à costa dos Camarões, onde é prontamente enfiado em petroleiros transatlânticos (não, não vou mencionar do Exxon Valdez de novo) e acaba por ser refinado e vendido algures no "nosso lado".
O único impacto directo que a economia do Chad tem é o tráfico de mulheres para a zona do complexo petrolífero onde servem as necessidades, também elas não refinadas dos poucos que trabalham para a companhia petrolífera. Mesmo ao lado, na localidade vizinha de Atan (do francês "attend"), milhares e milhares ainda esperam pelos benefícios da presença do investimento estrangeiro no país. Nunca terão acesso nem às piscinas, nem aos courts de ténis, muito menos aos supermercados. A única coisa que alguma vez tocarão é o arame farpado que continua a separar os africanos da África que nos interessa.