segunda-feira, abril 25

Ooh Ooh Ooh

Só para alimentar um bocadinho este folclore, cumpre dizer que o árbitro do Estoril-Praia da Rocha vs. Benfica, Hélio Santos, recebeu um par de ténis do Benfica no intervalo do jogo.
O árbitro explicou-se dizendo que os seus sapatos se estavam a descolar e que pediu um par emprestado a ambas as equipas. Aparentemente, só um clube da dimensão do glorioso é que tinha ali ténis de sobra com o mesmo número do árbitro e ele lá pode continuar o jogo, expulsar mais um jogador do Estoril-Praia da Rocha e assistir à vitória encarnada (assistir no sentido de ver de perto e não de prestar assistência, claro) .
Eu aceito, para ser sincero, a explicação dos ténis descolados e acho que quem não aceitar não é intelectualmente honesto.
Mesmo assim, para manter o tom revisteiro, apetece-me perguntar se um senhor, quiçá bonacheirão e com umas longas barbas bancas, certamente vestido de vermelho, não deixou qualquer coisa dentro do sapatinho do Heliozinho, que afinal se tem portado tão bem o ano todo.

Miguel Maia

O eixo Caldas-Bruxelas

Será que o PP está a tentar dar um exemplo vivo de um europeismo que, afinal de contas, ainda mal tinha nascido no Largo do Caldas?
Numa altura em que o Projecto para os Europeus está a ser posto em causa pelos próprios (esse maldito povo que tem sempre a mania de gostar de participar nas coisas, em vez de as ver outorgadas pelos políticos profissionais... deixem os homens trabalhar!), parece que o novo Presidente do PP, Ribeiro e Castro, vai gerir o partido a partir de Bruxelas. Pode ser um impulso interessante ao conceito de cidadania europeia, com um centro de decisão da política nacional a ser não transferido, mas sim gerido da capital da União.
A sério que não estou a ser irónico. Eu sou dos que acredita que os seus (meus, neste caso) filhos se podem muito bem vir a chamar europeus, antes de se chamarem portugueses ou italianos, ou belgas ou seja lá o que for.

Miguel Maia

quinta-feira, abril 21

Parasita Seabra

Ainda antes da campanha para as últimas legislativas, quando a Zita Seabra descobriu que ia estar numa lista concorrente à da Matilde Sousa Franco, lançou um comentário do género:
- "É uma pena... o facto de ser uma pessoa nova na política não vai ajudar ao debate... estava à espera de um Político Profissional."

Ai... se toda a gente ajudasse tanto aos debates como a Zita Seabra...

Miguel Maia

quarta-feira, abril 20

When in Rome

A deputada da CDU, Odete Santos, terá largado um desabafo nos Paços Perdidos, depois de abandonar a sala do Hemicilco enquanto a deputada do PSD-PPM-MPT, Zita Seabra, dizia que nunca apoiou a despenalização do aborto.
"Roma não paga a traidores", terá dito inusitadamente próximo de um repórter da TSF.

Miguel Maia

terça-feira, abril 19

Pergunta (im)pertinente III

Como é que um Nazi chega a Papa?

Pergunta (im)pertinente II

Se o Policarpo for a Papa, não estaremos a violar as leis anti-trust?

É que, pelo menos na Europa, vamos ser detentores dos (pseudo) principais poderes: o político (Durão) e o religioso (Policarpo). Não acham que é muita areia para o nosso camiãozinho?

Pergunta (im)pertinente

Mais alguém acha que andamos "mais papistas que o papa"?

A Ver o Sporting...

...ouvem-se estas pérolas:

"o Sporting tem 8 jogos no mês de Abril, se bem que um já é em Maio"...

sábado, abril 16

Estratégia

Já não é de agora que o digo.
Das que podem dar mesmo golo, o Benfica só tem uma jogada:
- Pontapé para a frente.
- O Karadas atira com o adversário para o chão e, ao cair também, faz com que o imbecil do árbitro apite a favor do Benfica.
- O Benfica marca o golo no livre.

Miguel Maia

terça-feira, abril 12

Milano

Uma das sensações mais recorrentes e, ao mesmo tempo, mais ininteligíveis que eu tenho quando estou em Milão é que, ao fim de um dia de trabalho, há coisas que mudaram realmente, que algumas dessas coisas foram feitas e outras desfeitas, refeitas, melhoradas e postas de novo em circulação, ao ritmo daquele swing exigente, mas sempre tão elegante, que é só das cidades a sério.
E, no fim do dia, as pessoas regressam a casa, sempre sem tempo para hesitar, e com o passo mais firme, o olhar mais brilhante, de quem fez alguma coisa de produtivo com o seu dia, de quem ajudou a cidade e o mundo a crescer, 24 horas de cada vez.

Miguel Maia

segunda-feira, abril 11

Vitórias e Mau Perder

Já há uns tempos escrevi aqui sobre o meu mau perder. Mantenho aquilo que disse então. Já há uns tempos que não tenho ligado a futebol. O futebol nacional faz-me lembrar jogos de solteiros contra casados, com algum excesso de hormonas à mistura. Já vão longe os tempos em que não perdia um jogo do Sporting e chamei Sá (de Sá Pinto...) a um urso de peluche que é quase do meu tamanho.

No entanto, partilho o lar, doce lar, com dois hooligans sportinguistas. Ontem voltei a sentir a adrenalina correr por causa de um (ou melhor, dois...) jogo de futebol. Por uma razão: ainda podemos ganhar. Tenho este vício de só jogar quando sei que posso ganhar. Só jogo quando me apetece (se acho que não tenho capacidade para ganhar ponho outros que a têm a jogar por mim...). E agora acho bem que o Sporting ganhe o campeonato ou vou andar de trombas uns meses...

(Atenção: não confundir trombas com a capacidade de apreciar uma boa festa. Se o Benfica ganhar o campeonato e houver galhofa, estou lá. Com o Porto a festa nunca é boa, porque os murcões são um bocado baixo nível para o meu gosto. Nisto das festas acho que sou uma vendida: a do PSD, quando o Santana foi para a Câmara, foi de longe das "mais bem" frequentadas de sempre...)

domingo, abril 10

Retratação

Retiro rigorosamente tudo o que, em má hora, disse do jogador Saulo do Rio Ave.

Miguel Maia

segunda-feira, abril 4

Epá... não sei porquê...

Mas estes dias o Benfica anda-me a irritar de uma maneira especial.

Miguel Maia

Ainda sobre o Papa

A morte do Papa dificilmente deixou alguém indiferente por este mundo fora. Seja por aquilo que ele representava, pela pessoa que sempre foi ou até, pela mediatização dos seus últimos dias. Não fui excepção. Também a mim me tocou a morte do Papa.

Em primeiro lugar, nunca conheci outro Papa. Papa, mais do que o representante de Deus na terra, mais do que um cargo, para mim é uma pessoa: João Paulo II. Talvez seja por isso que agora querem escolher um Cardeal mais velhote para ocupar o lugar de S. Pedro. É que este é um posto que não deve ser "pessoalizado", sob pena de se perderem crentes sempre que morre um Papa (o que deve acontecer agora).

Sempre achei que o Papa era boa pessoa. Aliás lembrava-me muito o meu avô (até em alguns detalhes físicos) que foi, sem dúvida, a melhor pessoa que conheci até hoje. Tinha uns olhos bons, doces. Não era frio e altivo. Emocionava-se e assumia as emoções. Era humano. O seu pontificado marcou o último quartel do século XX. Não se contentou em ser um símbolo para os católicos, foi um marco para todas as crenças. Ao anúncio da sua morte seguiram-se lágrimas de todas as fés. Para mim essa é a prova da grandeza deste homem, num mundo em que a religião continua a ser motivo para matar.

Claro que este Papa teve falhas. Era, aos meus olhos, demasiado conservador. Comparou a liberalização do aborto ao Hocausto e proibiu de forma veemente o uso do preservativo, mesmo estando consciente do flagelo que certos países (católicos e não só) devido à intensa propagação do vírus da SIDA. Mas, e porque as boas obras são muito mais do que os erros, deixemos isso para "outras núpcias".

Por fim, e porque sou sensível ao tema, a morte do Papa tocou-me pela pública degradação da sua saúde. Mais uma vez se constata quão ténues são as linhas que separam a vontade de Deus da dos Homens. Quando se fala em eutanásia é disto que se fala: a ciência por vezes vai longe demais. Assistimos em directo a uma luta titânica em que a ciência comandada por uma vontade imensa de manter vivo o Papa perdeu para um Deus que há muito havia anunciado a partida de Carol Woytila. Desta vez a batalha foi em directo, pela televisão, mas muitas vezes não passa de um drama pessoal e familiar, travado por pessoas que se recuram a deixar partir aqueles que amam e que há muito já partiram....

domingo, abril 3

Ressureição

Para um Cristão, a morte é aquilo a que um americano médio chamaria a good piece of news.

Miguel Maia

sábado, abril 2

João Paulo

Este momento está a pôr a nú uma contradição brilhante entre duas forças de características opostas em absoluto: a velocidade da Televisão e o tempo da Vida e da Morte, a moderna Comunicação e a eterna Teologia.
O Papa está a morrer e a Televisão não sabe muito bem o que fazer em relação a isso. Não é novidade que a morte das pessoas seja sistematicamente arredada do mundo virtual da Televisão, mas não esperava tanta surpresa face ao facto de a Morte não ser telegénica, não ter um tempo de entrada "à hora marcada de um comunicado" (ouvi a expressão mesmo agora na televisão... estou a escrever e a ouvir um noticiário da SIC ao mesmo tempo).
Acho que nos esquecemos de ensinar uns aos outros que a Morte está no fim, de que precisamos absolutamente de saber o que há dentro de nós que contradiga esse fim, se é que há alguma coisa. Não sabemos mais como dizê-lo, o que pensar disso, como reagir, como entender.
O Papa deixa-nos, nisso e em algumas outras coisas, um exemplo de que não nos atrevemos mais a afastar o olhos.

Miguel Maia