terça-feira, dezembro 28

O Problema

Por favor, Senhor Arouca, o senhor deixe de consumir drogas pesadas. Dizer que o CDS-PP é um partido de Governo é tão absurdo como defender que o Jerónimo é um líder democrático. O País, este rectângulo pantanal à beira mar plantado, encontra-se diante de um problema de difícil solução. Concordo que vai ser difícil para o PS conseguir a maioria absoluta. E esse é um problema.
Confesso que nutro uma certa simpatia pelo pessoal do Bloco de Esquerda. São os simpáticos inoperantes cujo valor reside nisso mesmo - são inoperantes. No dia em que um desses "bacanos" (são mesmo malta cool, tipo "tou-me a cagar para tudo, mas gosto de discutir" - o Louçã menos, claro) estiver "em risco" de se tornar ministro, entro em pânico!!! A malta do contra serve para isso mesmo: ser do contra, não "da situação".
Para mim, o problema é grave. Nenhum dos candidatos serve os meus interesses. Nenhum dos candidatos merece, nem pouco mais ou menos, que lhe seja dada confiança. O óbvio nestas situações seria votar em branco ou (no meu caso) votar no pessoal "cool" que até levanta questões interessantes, mas que não serve para governar - o BE. Mas vejo-me obrigada a dar o meu, mui precioso, voto ao PS. Para ver se eles de facto conseguem a maioria absoluta que eu, em última análise, não quero que eles tenham...
O problema aqui é que a situação é tão má, os candidatos tão maus, o futuro tão negro, que votar vai ser para mim um duro golpe de consciência (o drama). Acho que só por causa disto vou à viagem de finalistas para não ter de votar (claro que se não votar depois não posso candidatar-me a Presidente da República e é outra cabeça competente que sai da cena nacional e desilude o Sr. Professor Dr. Se Votarem em Mim para Presidente Aprendo a Comer Bolo Rei para Não vos Deixar Mal Nos Jantares de Estado, Aníbal Cavaco Silva).
Bem com este MEU problema vos deixo.

Joana

quarta-feira, dezembro 15

Coligações

Como se já não fosse idiota o suficiente a história da coligação/não-coligação, faz que finta mas não finta, entre o PSD e o Pp (que de "popular" vai tendo cada vez menos), agora a direita quer arrastar a idiotice à esquerda. Expliquem-me duas coisas:
1. Como é que se pede uma maioria absoluta. O PS está a "pedir às portuguesas e aos portugueses" uma maioria absoluta. Admitamos que eu lhes queria fazer o favor, como é que eu faço? Existe alguma cruzinha no boletim em que eu possa escrever "PS com maioria absoluta" e outra onde esteja só "PS"? Ou tenho mesmo que tentar combinar com o número suficiente de portugueses para ver se funciona?
2. Quem é que quer saber se há coligação ou não? Que interesse é que isso tem? De que maneira é que isso me ajuda. Se eu já julgava que o que interessa ao PSD e Pp são eles próprios, agora não tenho a menor dúvida. Como é que toda esta conversa acerca de eleições resolve os porblemas do país? O que é que isto tem a ver com eleições? E onde é que estão os projectos e as propostas para o país?
Mas eu esclareço-vos acerca das coligações à esquerda, como se isto tudo não fosse óbvio para quem tem dois dedos de testa.
- Se o PS ganhar com maioria absoluta, não há coligação,
- se ganhar com uma maioria relativa quase absoluta vai haver entendimentos pontuais, à esquerda ou à direita conforme os assuntos, como existiu no tempo do guterrismo,
- se ganhar com uma maioria pequena vai ter que se coligar no parlamento com um partido dos pequeno (de acordo com a "geometria dos resultados", que não será o Pp!),
- se tiver uma maioria pequenininha, vai ter que fazer o mesmo no governo,
- e se não tiver mesmo maioria nenhuma fica na oposição...
Isto não vos parece evidente? Qual é a grande dúvida? Qual é o debate? De vez em quando perde-se tempo com cada coisa...

Miguel Maia

segunda-feira, dezembro 13

O Contraditório

Gostava de desconstruir algumas das coisas que a aliança Maia - Mil-homens resolveu postar por aqui. Este governo não tinha condições para continuar, é certo, mais por uma incompetência no lidar com o país (comunicação social, quero eu dizer) do que pelas próprias políticas. O que se acha dessas políticas não é relevante para uma dissolução. O que levou à queda de Santana Lopes foi a imagem que dele tinham os portugueses. É óbvio que não há ninguém mais responsável por ela que o primeiro-ministro, e que ela estava, nas palavras do próprio, "a inquinar isto tudo". Mas isso deve-se muito à essência do português: que importância tem que o homem gostasse de beber, de sair, de ir a discotecas? Isso não é de longe o que interessa para se ser bom ou mau político. Santana Lopes não foi um bom primeiro-ministro, porque não tem jeito para isso, falta-lhe aquela pose que todos os bons líderes têm. Não é circunspecto, fala de mais, gosta de polémicas, é demasiado temperamental. Será sempre um grande orador, os seus discursos cheios de uma retórica quase inatacável. Os seus opositores respondem-lhe com ataques pessoais, chamam-lhe burro, fútil. O homem não serve para chefiar um governo, mas não é preciso insultá-lo, acho eu.
Nos últimos quatro meses, não vi, na comunicação social, no circuito fechado dos comentadores políticos, discutir-se mais que fait-divers. Este governo tinha bons ministros, tentou fazer algumas coisas. Não há palavras sobre isso, impera o deita-abaixo puro e simples. É tudo mau, nada se salva. O miserabilismo normal em Portugal. É essa uma das razões para que eu duvide muito do sucesso de Sócrates. Vai-lhe acontecer tudo isto, como já aconteceu a tantos antes, e depois como é que ficamos? Qual será a alternativa então? Voltamos ao mesmo. Discurso dos portugueses: os políticos não prestam, só olham por si. Sempre à espera de um Messias, que felizmente não virá. Salazar, volta que estás perdoado - é disto que nos aproximamos. A desresponsabilização tradicional na sociedade portuguesa é que deve ser combatida. O problema não são os Santanas, nem as moedas boas ou más. O problema é que ninguém quer saber. Derrotismo. Dizer mal. Não temos nada a ver com isto. Mas temos, o Estado somos nós.
Espero que o PS tenha coragem para enfrentar os adversários dentro do partido, no corporativismo reinante em Portugal. Fazer a política que consideram a melhor, não olhar ao que os outros pensam. A Assembleia é representativa, dura quatro anos, ou assim deveria. Não podemos ser governados por sondagens de opinião. Não podemos referendar todos actos da Assembleia, ela vale pelos votantes, por todos os cidadãos. Os analistas políticos derrubam governos, como se viu, mas que alternativas propõem? Nenhumas, a sua arte está no desfazer. Fazer-se alguma coisa acarreta erros, críticas, durezas várias. É preciso resolução. Tenho esperança que Sócrates possa ser, como já ouvi, o Tony Blair português. Não um Guterres de segunda, um Guterres de primeira.
Quanto a nós, cidadãos, que podemos exercer a nossa influência de tantas formas, façamo-lo. Por um Portugal melhor.

João Lameira

domingo, dezembro 12

A Joana lembrou uma coisa importante...

Acho de uma terrível falta de chá que se fale mal de um governante que tenha estado a exercer o nosso cargo antes de nós. O discurso da "pesada herança" não é, nem por sombras, exclusivo dos governos de direita, mas o decoro e a compustura do estado deviam ser valores mais ligados a essas bandas... I dream, I dream... Acima de tudo, essa falta de educação não deixa de ser uma daquelas coisas que mostra como a nossa democracia não só não está completamente madura como ainda tem birras de pré-adolescente.

Miguel Maia

"PS" - Quando é que alguém escreve um "PSD" no fim dos posts, em vez de um PS. Parece que não há contraditório nestas coisas.

Oblige, oblige...

Já me pronunciei contra o decisão do presidente, nem tanto por achar que o governo estivesse a fazer falta ao país, mas pelo precedente que abriu.
Isso não quer dizer que a maioria de que o Miguel Arouca tanto fala não estivesse completamente esvaziada. Se toda a gente pergunta o que é que esta maioria parlamentar fez de mal para merecer ser banhada a ácido... eu digo-vos: indigitou o Pedro como Primeiro-ministro, foi isso que esta maioria parlamentar fez de mal. O Pedro é incompetente, e é o próprio Miguel Arouca quem o admite. O que ele estava a fazer das funções que lhe estavam confiadas era um completo desastre.
A maioria foi eleita em 2002 para promover um "choque fiscal" do António Borges ; esta maioria foi chamada para resolver os problemas estruturais da economia que fazem com que o estado tenha um enorme desvio das contas para o lado negativo; esta maioria foi chamada para convergir a pensão mínima com o salário... e foi chamada para pôr Portugal na vanguarda (imagino que não na educação, tema em que não me canso de insistir) do "acerto das nações". Nada disso foi objectivamente feito por esta maioria.
Ainda falatava ano e meio, dir-me-ão. A verdade é que houve congelamento de salários em vez de choque fiscal e a baixa dos impostos "só se faria sentir" em 2006; a verdade é que, por mais um ano, o défice estrutural está rigorosa e matematicamente na mesma; a verdade é que afinal "convergir" as pensões só queria dizer "aproximar" as pensões, e que se o nome de Prtugal se tornou famoso foi por causa do Euro2004 e porque o próprio Primeiro-ministro abandonou o cargo a meio (qual Santana Lopes) e aterrou na presidência da Comissão.
Esta maioria foi eleita para cumprir objectivos que não iria cumprir e falhou no momento em que o único nome que conseguiu apresentar foi o do pior político a passar pelo cargo desde que há memória.

Miguel Maia (campeão intercontinental)

Portugal e o Futuro

Dizer que o futuro é negro numa altura em que o país está na situação que é de todos conhecida parece-me pessimismo a mais. O presente é negro. É negro desde o dia em que o Dr. Durão Barroso assumiu como programa de Governo a via do queixinhas.
Durante dois anos (!!!) ao invés de governar, Durão Barroso divertiu-se a apontar tudo aquilo que de mal o governo socialista havia feito. Soluções nenhuma. Um partido que defende a lógica empresarial deveria saber que o péssimismo é mau para a economia. Não são os problemas que afastam os investidores. É a falta de soluções.
Quando o Dr. Durão Barroso entendeu (finalmente) que não tinha quaisquer capacidades para com sucesso exercer o cargo de Primeiro Ministro, resolveu pirar-se para Bruxelas, para ocupar um cargo pouco mais que decorativo.
Como solução (e como já disse ele não é bom a encontrar soluções) deixou-nos o mais que ineficiente Santana Lopes (o Pedro). Perante isto, o nosso Presidente da República tinha duas opções: dissolver a Assembleia alegando que o povo votou num projecto a que o Pedro não daria continuidade ou hipótese a que o Pedro mostrasse que era capaz de algo que não sejam copos na 24 de Julho.
Sampaio falhou. Escolheu o pior. Teimou com o conselho de estado e deu oportunidade a que o Pedro, juntamente com o seu novo melhor amigo, Paulo, em apenas quatro meses, derrubassem a insipiente retoma que se começava a sentir (não por causa de Barroso, mas, sobretudo, pelo empurrão do Euro).
Aquilo que a direita - neste blog, na figura do nosso ilustre Arouca -agora chama de "golpe palaciano", não passa de uma coisa tipicamente portuguesa: remediar. Sampaio, como representante máximo dos valores portugueses também ignorou o dito do povo do "mais vale prevenir do que remediar". Só acho, ao contrário do Arouca, que houve de facto mjotivos gravíssimos para a dissolução da Assembleia a esta altura do campeonato. Só tenho pena que não tenha sido mais cedo. Aquilo a que direita - que diz respeitar acima de tudo a figura do Presidente da República - chama de "coup d'État", não é mais do que fazer valer a vontade do povo. E o povo está farto de Santana.
Não sei se o futuro será risonho. Só sei que sem o Pedro as hipóteses de melhorar são maiores. Só sei que é difícil piorar.
Espero que depois das eleições (e do Pedro perder), o António Borges apareça. Então sim, o meu voto é dele.


PS - Ainda bem que não podes votar, Arouca. Espero que a direita esteja toda na neve, nas férias do ski...

Joana

quarta-feira, dezembro 8

O Circo

Estive a ver excertos do debate do Orçamento de Estado e, quiçá influenciada pelo espírito natalício, aquilo parecia-me um circo. E não faltaram sequer as crianças nas bancadas, inocentes e ingénuas, rindo-se dos comentários mais acesos, dos aplausos e vaias, sem perceberem que aqueles palhaços estavam a falar dos seus futuros.
Concordo com aquilo que têm vindo a dizer no blog sobre a decisão de Sampaio. Este foi de facto um penalti marcado para compensar outro. Há quatro meses o Presidente deveria ter optado por eleições. Em causa estava o respeito pela vontade soberana do povo. Não era preciso ser sobredotado para perceber que Santana não iria manter-se fiel ao programa de governo de Durão. As diferenças de estilo e valores entre os dois sempre foram mais que as semelhanças. Sampaio quis ver para crer. Às vezes acho que Sampaio se chateou à séria com o PS. Parece aqueles filhos de pais bem sucedidos que fazem uma série de asneiras só para provar que são independentes.
Aquilo que me assustou na discussão do OE, foi que mais do que a uma discussão política, estava a assistir a um conflito de egos. A situação do país parece não importar a nenhum dos senhores que se vão candidatar ao cargo de Primeiro Ministro. Interessa-lhes agarrar o tacho. Mais nada.
Acho que além de políticos competentes, faz falta quem acredite. O nosso país está vazio de convicções. Políticas de Justiça, Educação ou Saúde precisam de mais do que 4 anos para serem postas em prática e para que hajam resultados. Se os políticos estivessem interessados MESMO em melhorar o que quer que fosse, tentariam arranjar soluções de continuidade, o que significa haver concertações, pelo menos entre os partidos que, rotativamente, chegam ao poder.

Não precisamos de pão e circo. De espectáculos mediáticos, de discursos acesos. Precisamos de competência e vontade. E esses dois valores têm estado arredados da Assembleia. Não sei ainda como vou votar. Se em branco, se nos marretas....

Joana

Vamos a isso

Dou de barato que a melhor alternativa, de momento, é o PS. Mas estou longe de estar convencido que seja uma boa alternativa. Os medíocres, agora, vão aparecer aos molhos. É esperar para ver. Jorge Coelho já anda lá metido, o que não é bom sinal. Por enquanto, estou inclinado a votar em branco. E se digo que a paixão em política é perigosa, tenho pena que não haja nenhum projecto, actualmente, que me inspire admiração.

João Lameira

P.S.: Maia, parabéns pela vitória de ontem. Não posso esconder que me deu um certo prazer o resultado do jogo. Nestas coisas do futebol, dá-me sempre para ser patriota.

Estando criada a confusão...

Como disse no meu post anterior, não acho nada boa ideia ter eleições nesta altura, não só pelo precendente de que o Lameira falou, mas também pela altura em que isto aconteceu. Mas já que aconteceu, vamos também nós fazer a nossa campanhazinha aqui no blog... isto partindo do princípio que os outros meninos e menina também entram ao barulho.

O que eu acho interessante é que, pelo menos a ver pelas notícias, do lado do PS discute-se a melhor maneira de apresentar, no pouco tempo disponível, um bom programa de governo. Fala-se do redactor, o António Vitorino, e da sua equipa com a Maria João Rodrigues (antigo ministra do Trabalho e Formação Profissional e, principalmente, conselheira do Guterres para a elaboração da brilhante Estratégia de Lisboa), o Mariano Gago (antigo totalista dos governos do PS na pasta da Ciência e Tecnologia), o Jaime Gama, o Jorge Coelho e a Lídia Jorge, entre outros nomes que não fixei.
Parece-me uma equipa muito boa, principalmente pela tónica que se põe na necessidade de colocar Portugal no encalço dos países mais desenvolvidos em termos de Educação, Formação, Investigação e Qualidade.

Pequena nota apenas para dizer que já vai sendo tempo de falar em equipas boas, que não sejam as que os jornais desportivos dizem que os dirigentes (e os jornalistas) do Benfica gostavam mesmo de ter, no início de cada época.

Do PSD basta dizer que só se ouve falar de coligações, de arranjos eleitorais, sem o mínima referência à correcção de problemas ou à discussão de propostas a colocar às pessoas. Ao Santana Lopes, assim como ao seu futuro-ex-parceiro de coligação, só interessa uma coisa: como é que se fica com o lugar, como é que se ganham mais votos... a minha sugestão para ele ainda é a mesma: pense, sr. futuro-ex-Primeiro-ministro; pense no que quer fazer deste país e pode ser que ainda haja alguém que vá acreditar em si.

Miguel Maia (portista profundamente feliz)

segunda-feira, dezembro 6

Dissolução

Concordo com tudo o que o Miguel escreveu no seu post. Fico contente que haja pessoas que não se deixam toldar pelas próprias ideias. Em política deve-se pensar, ter bom senso e evitar que as paixões nos ceguem. Existem coisas que estão acima das lutas ideológicas e partidárias. O regular funcionamento e cumprimento das regras de um Estado de Direito, por exemplo. A bondade da decisão de Sampaio não é discutível, a dissolução, neste caso, foi mesmo a melhor solução. O que preocupa é a capacidade que um Presidente da República tem de o fazer sob quase qualquer pretexto - até agora não invocou e, em princípio, não invocará nenhum motivo inultrapassável e irrefutável, que vá além do este governo é mau (o que é sempre subjectivo e nunca unânime). A ideia que fica é a de que os compromissos são demasiado frágeis neste país.

João Lameira

domingo, dezembro 5

Estava eu a preparar-me para lançar um belo debate sobre a Europa...

... quando o presidente da República se decidiu dissolver o parlamento. O que ele fez, na minha opinião, faz um pouco lembrar aqueles árbitros que não marcam um penalti claríssimo e depois tentam compensar a equipa que ficou a perder, marcando um penalti inexistente. Não é que o Santana Lopes não seja daqueles centrais trapalhões que fazem tudo para deixar ficar mal a equipa... não fosse ele aliás do Sporting.
A questão é que com o governo em funções (mais demissão de 4 dias, menos demissão de 4 dias) o presidente não se podia ter lembrado de pior altura para fazer isto. Devia tê-lo feito quando o Durão abandonou o governo que liderava e foi para Bruxelas tentar arranjar comissário não-fascistas... ele que nem isso consegue. As eleições antecipadas para Fevereiro do ano que vem põem em causa um ano de orçamentos de estado e vai, se o PS ganhar, deixar um governo a gerir um orçamento elaborado com as ideias do outro. Dir-me-ão que é para isso que servem os orçamentos rectificativos, mas as coisas nem se ficam por aqui. O debate sobre a Europa, sobre os problemas da justiça, assim como uma série de outros problemas, precisam de continuidade nos governos para poderem ser finalmente atacados. E é nesse aspecto que menos concordo com a atitude do presidente. Bem ou mal, a maioria eleita pelos portugueses (e escuso de dizer que não me revejo minimamente nela) estava a preparar algumas alterações de fundo. Por exemplo, o plano do Álvaro Barreto e outros planos parcelares do António Mexia, esse tecnocrata da pior espécie, ficam a meio de um processo de decisão que, a bem da democracia, ainda tinham dois anos para mostrar o que valem.
Pois eu digo que, de esquerda ou não, este presidente errou e a sua atitude, favorável à esquerda ou não, pôs em causa um dos princípios básicos do nosso sistema: não se governa para as sondagens porque os resultados da governação só serão votados ao fim de uma legislatura, diz a nossa constituição, de 4 anos.

Miguel Maia